segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Rhyme and Poetry - Descortinando Tupac Shakur (poeta)

Me dê forças senhor, eu tenho um plano.

Dizem que estou vivo
dizem que estou morto
alguns gostariam
que eu já viesse natimorto
Outros desejavam
que eu nem existisse
fosse mudo, cego, surdo
as diversas sandices
Dos senhores desse mundo
pessoas normais
em suas vidas banais
gastando mundo e fundos
em objetos pessoais
Pouco se lixando
para fora dos quintais
independente da cor
não importando a raça
Porque quando fica rico
vem a grande trapaça
outra classe, outra cara
uma nova humanidade
muitos sorrisos plásticos
e toda falsidade
Mãos verdes estendidas
para mãos coloridas
com ouro, pedra e jóias
vindas das pobres marmitas
dos trabalhadores braçais
poucas vezes lembrados
vindas do trabalho suado
daquele maltrapilho
sujeito de unhas sujas
consertando objetos
deles e dos filhos

Foi assim, sempre será?
serras peladas vendendo
seu corpo na estrada

Foi assim, sempre será?
escravos da moda
pela mídia indicada

Vivo eu não estou
morto não serei
meu nome é 2pac
e eu ainda sou

Joakim Antonio



(Poem) IN THE EVEN OF MY DEMISETupac Shakur
In the event of my Demise
when my heart can beat no more
I Hope I Die For A Principle
or A Belief that
I had Lived 4
I will die Before
My Time Because
I feel the shadow's Depth
so much I wanted 2 accomplish
before I reached my Death
I have come 2 grips with the possibility
and wiped the last tear from My eyes
I Loved All who were Positive
In the event of my Demise

Tradução: 

No caso de eu morrer quando meu coração não mais bater
Espero ter morrido por um princípio
Ou por algo que eu tenha dedicado minha vida
Eu irei morrer antes da minha hora
Porque sinto a sombra da morte perto de mim
Tantas coisas que eu gostaria de ter feito
Antes de te chegado a minha morte
E achei que teria essa possibilidade
E limpei a última lágrima dos meus olhos
Eu amei todos que foram positivos
No caso de eu morrer


Tupac Amaru Shakur (Nova Iorque, 16 de junho de 1971 - Las Vegas, 13 de setembro de 1996), mais conhecido pelos seus nomes artísticos 2Pac, Makaveli ou apenas Pac, foi um rapper estadunidense. Críticos e membros da indústria fonográfica o nomeiam como o maior Rapper de todos os tempos. Em 2010, ele já havia vendido pelo menos 75 milhões de cópias pelo mundo. Além de ser músico, Tupac também foi ator e ativista social. A maioria das suas canções trata sobre como crescer no meio da violência e da miséria nos guetos, o racismo, os problemas da sociedade e os conflitos com os outros rappers. O trabalho de Shakur é conhecido por defender a igualdade política, econômica, social e racial. Antes de entrar para a carreira artística, ele foi poeta e era um roadie e dançarino de hip hop alternativo.

Poesia

O poema do post, faz parte do livro "The Rose that grew from concrete". O livro contém 71 poemas escritos por Tupac, que começou a escrevê-los com dezoito anos de idade.
Com doze anos de idade, Shakur se matriculou na 127th Street Repertory Ensemble do Harlem, um grupo de teatro, e foi escolhido como o personagem Travis Younger na peça A Raising in the Sun, que foi performada no Apollo Theater. Em 1986, sua família se muda para Baltimore, Maryland. Depois de completar seu segundo ano na Paul Laurence Dunbar High School, ele foi transferido para a Baltimore School for the Arts, onde ele estudou atuação, poesia, jazz e balé. Ele atuou em algumas peças de Shakespeare e também atuou como o Rei das Ratazanas em o Quebra-Nozes.

Shakur, acompanhado de seu amigo Dana "Mouse" Smith, seu beatboxer, ganhou na maioria das competições de rap em que participou e era considerado o melhor rapper da escola. Ele também foi lembrado como uma das crianças mais populares da escola devido ao seu senso de humor, habilidades de rap superiores, e capacidade de se misturar com todas as turmas. Pac também desenvolveu uma forte amizade com uma jovem Jada Pinkett (mais tarde Jada Pinkett Smith, após se casar com Will Smith), que durou até sua morte. Um poema escrito por 2Pac intitulado "Jada" apareceu em seu livro The Rose That Grew From Concrete, que incluia outro poema dedicado a ela chamado "The Tears in Cupid's Eyes".

Em Junho de 1988, Tupac e sua família se mudaram mais uma vez, dessa vez para Marin City, na Bay Area da California, onde ele estudou na Tamalpais High School. Ele começou a frequentar as aulas de poesia de Leila Steinberg em 1989, que acabou se tornando sua mentora e empresária. Naquele mesmo ano, Steinberg organizou um concerto com uma ex-banda de Shakur, Strictly Dope; aquele show o levou a assinar um contrato com Atron Gregory que o colocou como roadie e dançarino do grupo de rap Digital Underground. Enquanto morando em Marin City, Tupac se envolveu com tráfico de drogas e devido a discussões com sua mãe, acabou saindo de casa e ficando sem teto por algum tempo, indo morar frequentemente na casa de amigos e de seu irmão Mopreme em Oakland.

Em 2004 foi lançado o livro, Inside A Thug’s Heart, que compila cartas e poemas escritos por Tupac Shakur (1971-1996) durante o período em que o rapper esteve detido em Rikers Island (EUA), em 1995, após ser julgado culpado em caso de agressão sexual. As correspondências eram trocadas com a atriz, modelo e roteirista Angela Ardis, que assina o texto do livro.

Curiosidades

Tupac gostava de vários artistas na músicas, incluindo Eric Clapton, Tracy Chapman, Jimi Hendrix e Muddy Waters. Ele costumava chamar Tracy Champan de uma "Verdadeira Poetisa".

Uma das peças musicais favorita de Tupac era Les Miserables. Ele foi ver uma vez essa peça com sua então namorada Keisha Morris.

Tupac tem um letra de rap na parede da livraria Enoch Pratt Free em Baltimore. Ela fica ao lado de uma poesia de Edgar Allan Poe.

O poema de Tupac "Nothing can come between us," foi escrito para seu amigo John Cole, o qual Tupac chamava de "White Boy John".

Tupac está no Guinness Book como o rapper mais bem sucedido da história.

Fontes: 2pac.comWikipédia2pac Brasil


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Criado



Meu Pai teve uma ideia
não to fazendo nada
to entediado
e quer saber
aqui tá muito escuro
faça-se a luz
então se a luz se fez
somos todos luz
concorda
não
problema seu
só porquê alguém quer 1 e 1 não são 3
será? tenho minhas dúvidas
é? quais
se eu te contar não serão mais só minhas
é que eu sou meio egoísta sabe


Imagem: The Criation by Agnishad

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Colos



EU QUERO 

Quero o seu sorriso
preciso

Quero além de amante
ombro amigo

Quando eu virar criança
fitando teus olhos
quero muito
colo

E ao olhar de novo
protegido

Aninhado e me sentindo
um menino

Sentir um novo sopro
vindo de você
me fazendo
crescer

Ser o seu homem
abrigo

Salvaguardá-la  de todo mal
dos perigos

Ser seu cavaleiro andante
envolvê-la nessa hora
meus braços
agora

NINAR VOCÊ 

Joakim Antonio



Publicado originalmente em, Manufatura - Literatura feita de maneira artesanal.


Imagem: Lullaby by Zucch3rino

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Para tudo



Para tudo

renego o negro
em estado de luto

entro numa espiral
de negra luz

negro is beautiful

destituo o negro
do atrelo a negação

atrelada a negro tom
vozes ganham novo brilho

negro é bonito

aparto o negro
do bloqueio da visão

céu nublado me cega
negro me guiam estrelas

negro é beleza

Para tudo


Joakim Antonio


"Incrível mesmo é você saber que a sensibilidade, a mobilização da media mundial tem um padrão racial, Senegaleses estão morrendo na costa do Mediterrâneo, estão sendo sepultado no fundo dos mares, seus cadáveres são deixados para ser decompostos pelos sol e devorados pelas condições climáticas existentes, no entanto precisávamos ser brancos, ter a cor de Aylan Kurdin para que a morte fosse testemunhada pela media internacional e todo mundo se comovesse...no entanto a carne negra é barata demais para tal, se a média internacional oferecer padrão de sensibilidade pluri-racial para as tragédias humanas logo teriam de justificar todas as atrocidades cometidas sobre pessoas negras, o descaso faz parte de um plano, é necessário a carne e a vida negra continuarem baratas para que a opressão, as guerras e as invasões, tenham justificação aos olhos do imperialismo contemporâneo."

Isidro Fortunato

Imagem: Corpos de imigrantes ilegais na costa do al- Qarbole, cerca de 60 quilômetros a leste de Trípoli, em 25 de agosto de 2014, após um barco que transportava 200 imigrantes ilegais da África Subsaariana afundou na capital Líbia dois dias antes. AFP PHOTO / MAHMUD TURKIA

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Imperfeição



Busco a imperfeição do verso
o errado nunca o certo
o choque das palavras

ao tocar a água

Pequenas ondas
em crescendo
tsunami

destruidoras de ideias

Que no refluxo
levam embora
cascas mortas

de palavras escritas

Então maculo o papel
que em branco
gritaria muito mais

Joakim Antonio


Arte: JoaKim
Imagem original: Courage of Samurai by Artgerm

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Mundo mágico - Palavra Expressa



Destrave a mágica
Entenda as misturas
De cores, de amores

Dilua as fórmulas
Crie novas canções
De amizade e paz

Dispare olhares
Fabrique sorrisos
Desobstrua o coração

Abrace com vontade
Dance sem medo
Seja livre e feliz

Abra a fechadura
Aceite a mágica
Aprenda a perceber

Refaça os planos
Relembre o básico
Redescubra o simples

Esqueça passado e futuro 
Agradeça o presente
Sorria por estar aqui


Quando criança, eu acreditava que algumas pessoas podiam fazer mágica. 
Ao crescer, descobri que era verdade, elas sabiam materializar sorrisos.

Joakim Antonio


Imagem: Unlock The Magic by Lennuk

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Um minuto de silêncio - A noite dos poetas assassinados



Quando um poeta morre, a natureza cala-se.


Joakim Antonio


      A noite dos poetas assassinados


© Jane Bichmacher de Glasman*

      O ano é 1952, último ano da vida de Stalin. O lugar, Rússia, União Soviética. O dia, 12 de agosto. Mais especificamente, a noite de 12 para 13 de agosto de 1952.
      Nesta data, cerca de 15 judeus soviéticos, incluindo os mais proeminentes escritores, poetas, e artistas judeus russos de língua ídishe foram secretamente julgados e condenados por crimes capitais, incluindo traição, espionagem e nacionalismo burguês.
      Eles eram visados devido à sua participação no Comitê Anti-Fascista Judaico e à sua resposta como judeus às atrocidades nazistas no território soviético ocupado.
      Nesta noite eles foram executados por ordem de Josef Stalin, no calabouço da infame prisão da praça Lubyanka em Moscou.
      Entre as vítimas estavam Peretz Markish, David Bergelson, Itzik Fefer, Leib Kvitko, David Hofstein, Benjamin Zuskin, Solomon Lozovsky, Boris Shimeliovich Dovid Bergelson e Der Nister.
      A data é lembrada como a “noite dos poetas assassinados.”

Itzik Fefer, Albert Einstein e Solomon Mikhoels, em 1943

      Seus escritos mostram pouco da nostalgia ou devoção que vemos nas descrições da cultura ídishe[1] o pré-Holocausto. Todos eles - os poetas Peretz Markish, Dovid Hofshteyn, Itzik Fefer, Leyb Kvitko e o novelista Dovid Bergelson - assistiram a Revolução soviética em 1917. A maioria havia se mudado do shtetl[2], das aldeias da Pale[3], para Kiev e Moscou, em busca de liberdade intelectual e artística no fervor do modernismo do princípio do século XX. Todos apoiaram o estado comunista emergente.

Ouvimos sua vibração na abertura do poema[4] sem título de Markish:

Eu não sei se eu estou em casa
ou desabrigado.
Estou correndo, minha camisa
sem botões, sem limites, ninguém
me segura, sem começo,
sem fim
meu corpo é espuma
cheiro de vento
Agora 
é meu nome.

Seu sentido do futuro ecoa na estrofe do poema “Cidade” de Hofshteyn:

Cidade!
Eu cheguei em teu porto
no navio de minha solidão.
O navio de minha solidão…
Eu lavei suas velas
nos ventos…
Elas definharam e rasgaram
nos comprimentos e nas larguras
do mundo.

      Eram férteis escritores. Após anos no exterior, em Berlim e na Palestina, de 1923 a 1926, Hofshteyn retornou à União Soviética e publicou numerosos volumes de poesia e traduções. Markish fundou o movimento ídishe modernista conhecido como Khaliastre durante seus anos em Varsóvia. Após seu retorno à Rússia, foi-lhe concedido o Prêmio Lênin de Literatura em 1939. Fefer editou os jornais ídishes Prolit e Desafio e tornou-se membro da União de Escritores Soviéticos. Em 1943, viajou aos Estados Unidos com o ator Solomon Mikhoels atraindo audiências maciças em Nova York em apoio ao trabalho da liga Anti-Fascista.

Por que eles foram assassinados?

      Todos estavam relacionados ao Comitê Anti-Fascista Judaico, estabelecido em 1942 pela União Soviética para atrair o apoio das comunidades judaicas dos Países Aliados na guerra contra Hitler. Com o fim da guerra, a organização já não era mais útil a seus propósitos. Stalin, como soía fazer, virou-se contra seus líderes. Prendeu a maioria entre 1948 e 1949, levou a julgamento em 1952 – culminando com sua execução na noite de 12 de agosto no porão da prisão Lubyanka.
      As mortes destas figuras centrais na literatura ídishe soviética representaram novo golpe à cultura judaica já devastada pelo Holocausto. Silenciaram o núcleo remanescente de intelectuais ativos politicamente e excluíram presumir que tal cultura pudesse sobreviver na Rússia pós-guerra.
      É difícil para alguns de nós recordar agora o otimismo inicial inspirado pela revolução soviética. Tendemos a ter pouca simpatia pelos escritores que compuseram cantos para os trabalhadores ou para Stalin, como vários destes homens.
      Mas com isto nós nos esquecemos de nossas próprias vidas: como nos comprometemos para ganhar a vida; como um ano se transforma 5, em 10; como permanecemos em um trabalho ou em um relacionamento demasiado longo, sem esperança, ou porque nós amamos.
      Esquecemos também das difíceis opções dos artistas judeus daquela época, já estranhos às suas tradições, que não obstante criaram um lar, tentando realizar em alguma medida sua esperança. E esquecemos da ruína gradual mas catastrófica forjada por Stalin.

Uma voz mais pungente para o que foi perdido pode ser ouvida no clamor de Hofshteyn:

Meu amor, meu amor puro!
uma chamada a que sempre atentei
muda, carreguei-a
mil dias:
acima da cabeça cinzenta de meu povo,
para ser
um brilho jovem!

Brilho desperdiçado: interrompido, silenciado e recordado como o que se torna tão distante...
Honremos sua memória com alguns versos destes poetas.

Como seu fim, profética e tragicamente anunciado por Kvitko, em 1919, em “Morte Russa”:

Morte russa

é toda a morte.
Dor russa
é toda a dor.
Como está agora o coração do mundo?
E a sua ferida purulenta?
Pergunta a uma criança.
Pergunta a uma criança judia.

Publicado em Visão Judaica Ed. 62, outubro de 2007. (PDF)

* Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica -USP, Professora Adjunta, Fundadora e ex-Diretora do Programa de Estudos Judaicos –UERJ, escritora.

[1] Ídishe- idioma judaico originado do alemão grafado em caracteres e com muitos vocábulos hebraicos.

[2] Shtetl (do ídishe: cidadezinha) é o nome ídishe das cidades judaicas na Europa oriental (Polônia, Rússia, Belarus 
etc.). 
[3] Sob o governo czarista, os judeus não tinham permissão para viver fora do Território de Assentamento (Pale), uma região da Rússia, onde, até 1907, massacres eram uma ocorrência comum. 
[4] Os poemas foram traduzidos pela autora deste artigo. Para ler mais deles e sobre eles contate a mesma. 


Para saber mais:

Português

  • Judeus na União Soviética (1917-1991) em Cybersio

English

  • Night of the Murdered Poets, with more links in Wikipedia


Imagens:

1. Silence by fokkusunm
2. Itsik Fefer and Shlomo Mikhoels meet with Albert Einstein. Princeton, 1943. (YIVO Archives)

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Escrevendo paz - Descortinando Leon Tolstoi (escritor)


Somos formados de pedaços belos e feios, doces e amargos, convivendo entre si. Não só podemos, como devemos escrever sobre tudo, verdades, absurdos, sobre nada. Mas não há razão verdadeira para que mesmo que só escrevamos, armas, não possamos fazê-las disparar tiros de paz. Podemos até sentir complicada tristeza, mas o mesmo que sente sabe o que deseja, para mudar.

Experimente, mesmo que por economia, deixar de escrever por um momento, guerra; para escrever simplesmente, PAZ!

Joakim Antonio



"Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a sí mesmo." Leon Tolstoi - Pamphlets - translated from the Russian - página 71, Free Age Press, 1900




Leon Nikolaievitch Tolstoi (9 de setembro de 1828 - 20 de novembro de 1910). Foi um novelista, anarcopacifista e pensador moral, notável por suas idéias de resistência através da não violência. É considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.

Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.

Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.

Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples.

Pacifismo

Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-violência". No livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal.

No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e ao militarismo como um todo). Ele também defende e exalta povos como os Quakers, que buscam a simplicidade, a autonomia e não utilizam de violência. Fonte: Wikipédia


Para saber mais:


Tolstoi e a anti-pedagogia (uma proposta de educação libertária) em http://www.revistas.usp.br/

Grandes entrevistas - Leon Tolstoi em Tiro de letra


Baixar livros gratuitamente no site Universia:

Anna Karenina

Guerra e Paz 

Ressurreição



Imagem: Peace by subdoom

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Silêncio impreciso - Descortinando Camillo de Jesus Lima (poeta)



Então me tranco num escuro profundo
não do quarto, nem do mundo, tampouco do inteiro breu
mas da visão turva, crivada de zunidos
de balas achadas, gritos perdidos e esperança minada
que tolhem a própria imaginação do ser

Nesse quase somente eu
escuto a mente de todos nós
atados pelo estado, inercial e letárgico
imposto pelas pílulas adocicadas e diluídas
em gás do riso, alheio, ao nosso querer

Então, mudo, desabafo pelos olhos
numa busca incerta de imagens
para todos os sons presentes
no silêncio impreciso
do começar a escrever

Joakim Antonio


O Poeta Escrevendo

Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.
De que serve trancar a porta?
De que serve botar as mãos no ouvido?
De que serve fazer papel de surdo que não quer ouvir?
Gritos de homens na rua entram, apesar de tudo,
Uivos de seviciados entram, apesar de tudo.
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.

Os eunucos estão fazendo flores nas torres de marfim,
Mas eu estou é no meio do mundo.

O rumor das ruas confunde-se ao ritmo do teclado da máquina.
Metralhadoras escrevem poemas no teclado da máquina.
Cavalos estão batendo patas no teclado da máquina.
Gente lutando,
Suando,
Amando, nas cinco partes do mundo.

Quem pode escrever poemas de solidão,
Se portas trancadas nada valem,
Se mãos nos ouvidos nada valem,
Se, fazer o papel do surdo que não quer ouvir, nada vale,
Se os olhos dos moribundos ficam, no alto, iluminando as páginas,
Se mãos alvas vem acender o cigarro, devagarinho,
Se o rumor da rua vem fazer coro ao ritmo do teclado da máquina?
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.

Camillo de Jesus Lima


Camillo em 1937

Camillo de Jesus Lima (Caetité, 8 de setembro de 1912 — Itapetinga, 28 de fevereiro de 1975) foi um poeta brasileiro.

Como ocorria a todos os estudantes daqueles tempos, Camillo simpatiza com as idéias comunistas. Qual seu tio-avô Plínio de Lima, que abraçara a causa da igualdade entre os homens com o abolicionismo, Camillo defende uma sociedade mais justa, e irá pagar alto preço por isto.
Tornando-se tabelião ("oficial de registro de imóveis e hipotecas"), mora em Vitória da Conquista, Macarani e Itapetinga. Talentoso, desdobra-se em jornalista, escritor, professor, deixando extensa obra literária, do romance ao conto, mas é na poesia que se consagra, já em 1942, com o livro Poemas, recebedor do Prêmio Raul de Leoni da Academia Carioca de Letras (edição de "O Combate", que publicou quatro de seus livros).

Também publicou: As Trevas da Noite Estão Passando ("O Combate", em colaboração com Laudionor Brasil, poemas, 1941); Viola Quebrada ("O Combate", poesia, 1945); Novos Poemas ("O Combate", id., ib.); Cantigas da Tarde Nevoenta ("Edição de Artes Gráficas - Salvador", poesia); Memórias do Professor Mamede Campos (romance); A Mão Nevada e Fria da Saudade ("Edições MAR", poesia), A Bruxa do Fogão Encerado (contos); Vícios (contos); Bonecos (Perfis); O Livro de Miriam (Poesia, 1973, impresso na gráfica de "O Jornal de Conquista" para "edições MAR"); Cancioneiro do Vira-mundo (Poesia), e outros tantos escritos, publicados em todo o país, muitos ainda inéditos.

Mesmo longe dos centros culturais do país, Camillo fervilha com a pena na mão. Sua poesia plena de lirismo cativa, e tem em Vitória da Conquista, num tempo onde surgem Glauber Rocha, Elomar e outros, um meio artístico incomum, que, por produzir pensamentos, provocou reação junto àqueles para quem o pensar e a palavra eram armas perigosas, a ser combatidas… Wiki


Para saber mais:

  • Poeta Camillo: Excelente blog sobre o poeta Camillo de Jesus Lima, organizado por seu filho Luiz Carlos de Jesus Lima, com poemas, depoimentos, vídeos, homenagens, frases, documentos, fotos e artigos de jornais e revistas.
  • #100Camillo: O poeta proletário, homenagem, de 2012, ao centenário do poeta em Conversa de Balcão
  • Vídeo: Viola Quebrada. Uma poesia de Camillo de Jesus Lima em Youtube.com







segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A poesia cresce - Descortinando Pio Vargas (poeta)


ela traça o plano

aparece travestida de som, sentimento, toque, sem que ninguém a evoque, presente um milésimo de segundo antes de sequer pensarmos em tê-la, ou melhor, cortejá-la para que nos tome e sopre em nossos ouvidos, seus antigos e sedutores segredos, transformando o nada em tudo.

presente no primeiro gemido, no gozo, em gestos de irreverência, nas falas, música e letras de protesto, na batida calma do coração a meditar, nos dedos vibrantes na guitarra e na primeira fala ritmada, quando do nascimento de rappers, repentistas, artistas e demais filhos que ela adotar.

ela anda, corre, dança, fala, cala, canta, se esconde, se infiltra, se doa, suja, limpa, transparente, come, bebe, respira.

a poesia cresce!

Joakim Antonio


“considerações necessárias

é preciso tirar a poesia da clausura dos concursos, das gaiolas do acaso, do exílio das gavetas, trazê-la para o sabor do consumo rápido e fácil, envolvê-la de popularidade, sem o vulgarismo perigoso do que é descartável, mas também sem a absurda pretensão do que se quer eterno. 

poesia para fazer rir e refletir, evoluir e incomodar, propor e decompor. poesia para os botecos, para os gabinetes, para as praças, para os salões de festas, para os mocambos, para as favelas, estúdios, vídeo clipes e palanques.

poesia sem medo, poesia sem trauma, poesia-pão, poesia-sim, poesia-não. pois ia ousar um dia popularizar a poesia.

viva a poesia viva!”

Pio Vargas


Pio Vargas (Iporá, 7 de setembro, 1964 — Turvelândia, 8 de março de 1991) foi um poeta brasileiro, apontado por Paulo Leminski como um dos mais criativos poetas de sua geração:

Pio Vargas tem um ‘eu’ coletivo tão forte que chego a vê-lo muitos. De sua poesia consigo extrair a certeza do que digo, insistente: há uma geração recente que usa e abusa da modernidade, fazendo dela o principal elemento a interferir na criação. Este Pio Vargas me trouxe uma poesia fascinante que não se atrela a falsos modelos de invenção, mas flutua, inventiva, com os mais amplos e possíveis signos do fazer poético”.

A Biblioteca Estadual Pio Vargas, em Goiânia, foi assim denominada em sua homenagem.

Obras

Poesia
  • Janelas do espontâneo - GO, 1983.
  • Anatomia do gesto - GO, 1989.
  • Os novelos do acaso & o ofício de afagar efêmeros - GO, 1991.
  • Em 2010 foi lançada uma antologia, organizada por Carlos Willian Leite, com a poesia completa de Pio Vargas.

Para saber mais:


  • Pio Vargas: um beat no Olimpo em ueg.br




Imagens:

1. Capa do livro, Pio Vargas: Poesia Completa, organização de Carlos Willian Leite
2. Pio Vargas

domingo, 6 de setembro de 2015

Falsiane



Só você se faz forte 

Não se engane 

Quem diz outra coisa 

É Falsiane 



Joakim Antonio



Imagem: Pierrot self portrait by Vexiasphotography

sábado, 5 de setembro de 2015

Furta cor



Furta cor

brisa cortante
na hora calma

Abre vereda

cavalga vento
termina a batalha

Fio reluzente

parece pena
mas é espada


Joakim Antonio


Imagem: Iridescence por RadishStick

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Minha casa



Hoje acordei estranho, algo estava diferente,
não sabia o quê, mas era lá fora.
Sai e percebi, o ar não era o mesmo,
não, não era poluição, tudo vibrava diferente.
Colhi uma rosa com uma nova cor,
seu cheiro e tom, evocavam melancolia.
Me senti desnorteado, como se acordasse
em uma casa que não era a minha.
As pessoas falavam línguas estanhas,
carregadas de raiva, até as crianças
haviam mudado.
Em vez de brincarem livres e soltas, no chão,
viviam presas em muros e grades, nos ares.
Então me perguntei, quando?
Parei e pensei, como isso aconteceu?
Observei pessoas, caminhando sonâmbulas,
zumbis indo para o trabalho.
Alguns iam tão tristes, que pareciam escravos.
Vi meninas, que deveriam estar brincando,
vestidas e fazendo coisas de adulto.
Gotas de chuva caíam, salgadas e mornas,
formando poças que, não me pergunte como,
sabia que eram para nós.
Então, parei por um segundo,
e em choque, deixei a rosa cair,
pois naquele instante descobri,
que o mundo está de luto.


Joakim Antonio


Fotos: Marcos William

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Câmara do sentir - Descortinando Waly Salomão (poeta)



Um poeta

Sente

Tempero brasileiro
bem e mau
tropicalientes

Sente

Entre prosas e nada
trovas gozadas
intermitentes

Sente

Num baú de conversas
sensações futurísticas
presentes

Sente

Realidade plena e desconexa
originalidade concreta
consistentes

Sente

Um poeta


Joakim Antonio



Cresci sob um teto sossegado,
meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado.

Agora, entre meu ser e o ser alheio
a linha de fronteira se rompeu.


Algaravias: câmara de ecos, Waly Salomão.
Rio de Janeiro. Rocco, 2007.





Há exatos 10 anos, um câncer no intestino levou o poeta baiano Waly Salomão. No dia 5 de maio de 2003, aos 59 anos, o artista morreu após passar alguns dias internado no Rio de Janeiro. Filho de uma baiana com um sírio, Waly teve forte ligação com o Tropicalismo, na década de 60, e era um dos grandes nomes da contracultura no Brasil. Em 1967 formou-se em direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas nunca exerceu a profissão. Cursou a Escola de Teatro da mesma instituição e estudou inglês na Universidade de Columbia, em Nova York, no início da década de 70.

Waly escreveu nove livros de prosa e poesia e era colaborador de vários jornais e revistas. Mais do que escritor, o artista foi um importante produtor cultural: produziu shows, organizou publicações e coletâneas. Foi letrista parceiro de cantores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Itamar Assunção, Adriana Calcanhoto e Cássia Eller. Era um dos padrinhos do projeto social Afrorregae, que promove ações culturais em comunidades cariocas.

Por suas obras, recebeu diversos prêmios literários, entre eles o Jabuti e o Alphonsus Guimarães com o livro Algravias, lançado em 1996. Em 2003, foi secretário do Livro e da Leitura no Ministério da Cultura na gestão Gilberto Gil. Mas o maior reconhecimento vinha do próprio meio artístico - todos os pareceiros de trabalho de Waly o definem ainda hoje como um grande gênio da poesia. Em 2008, o documentário Pan-Cinema Permanente, do diretor Carlos Nader, sobre a vida e obra de Waly, venceu o Festival É Tudo Verdade. Assista ao trailler do filme e saiba mais sobre quem foi o poeta. Fonte: EBC


Para saber mais:


  • Página sobre o poeta Waly Salomão, em Wikipédia 
  • O pensamento quente de Waly Salomão, por Leonardo Lichotee em O Globo


Vídeos

  • Waly Salomão recita olhos de lince em Youtube
  • Caetano, Waly e Adriana, Rev.Literária. de Marcos Ribeiro em Youtube



Imagens

1. Documentário "Pan-Cinema Permanente"
2. Documentário "Pan-Cinema Permanente" Julio Covello/Divulgação

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Concursos Literários do Mês de Setembro de 2015




Concursos Literários do Mês de Setembro de 2015 

Confira também a lista completa dos Concursos do Ano e a lista das Seleções Permanentes.

As datas nos tópicos referem-se ao prazo limite para realizar a inscrição.

Legenda:
$ - Prêmio em dinheiro
@ - Inscrição pela internet
# - Voltado a público restrito


Lista dos concursos em aberto - Setembro


- 06.09.2015 - Concurso de Contos de Casino (@)

- 06.09.2015 - Concurso de Contos Eróticos (@)

- 10.09.2015 - XXIV Concurso Nacional de Poesias Augusto dos Anjos ($)

- 10.09.2015 - Prêmios Literários da Fundação Bibloteca Nacional (Livros Publicados - $)

- 10.09.2015 - XXV Concurso Nacional de Contos José Cândido de Carvalho (Contos - $)

- 11.09.2015 - Concurso Literário Ubatuba (São Paulo) (Contos, Crônicas, Dramaturgia e Poesias - # - $)

- 15.09.2015 - Chamada para Publicação - "A Branca" (@)

- 15.09.2015 - I Concurso e Poesias Jorge de Lima (Alagoas) (# - $)

- 15.09.2015 - XVI Concurso Literário da ACLe (Santa Catarina) (Contos, Crônicas e Poemas - #)

- 16.09.2015 - VI Concurso Pérolas da Literatura (Poesias, Crônicas e Contos)

- 22.09.2015 - Prémio Literário Casino da Póvoa (Portugal) (Livros Publicados em Portugal - $)

- 23.09.2015 - Concurso Literário "Oscar Bertholdo" (Rio Grande do Sul)(Contos, Crônicas e Poemas - #)

- 30.09.2015 - 8º Concurso de Haicai Masuda Goga

- 30.09.2015 - II Festival de Poesia da Cidade de São Paulo (São Paulo) (# - $)

- 30.09.2015 - e-Antologia "Poemas e Contos para Natureza" (@)

- 30.09.2015 - 31º Concurso de Poesias da Biblioteca João XXIII (Poemas)

- 30.09.2015 - 26º Concurso de Contos Paulo Leminski (Contos - $)

    terça-feira, 1 de setembro de 2015

    A poesia vem de dentro?



    A poesia vem de dentro
    meia verdade
    ela está lá fora
    na beleza da favela
    na monstruosidade da cidade
    presente na água límpida
    das torneiras
    no rio seco e sujo
    nosso leito
    que nos permeia
    sinto-a no olhar
    terno do asilo
    procuro-a e não encontro
    no sorriso do vizinho
    fugidia e bela
    leio-a nas rugas
    das lavadeiras
    busco resquícios
    em peles de seda
    brilha e ofusca
    onde menos esperam
    esconde-se e chora
    onde mais a quero
    Poderia o mundo
    viver sem poesia?
    É possível
    mas haveria apenas
    tristeza
    como estivesse a ver
    um palhaço
    que nunca ri


    Joakim Antonio​


    Imagem: Sad clown by Dzpal

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