Lemos uma história, de cabo-a-rabo, perfeitamente engendrada. Misteriosa no começo, despedaçada pelo meio e maravilhosamente costurada no final. Então desejamos, um dia, poder escrever assim.
Nesse instante, em algum lugar secreto, diversos autores riem. Desejando o mesmo que todos nós. Escrever precisamente, seguindo o roteiro, começo, meio e fim. Porque muitos começam pelo meio, mas a maioria pelo fim.
E não é característica, apenas, de quem escreve longos textos. Pergunte a diversos escritores, ele não mantém segredo, até um haikai pode ser assim. Afinal, primeiro há a ideia e toda ideia, possui um fim; mas a história não.
Tão fácil se perder em um texto, mas nem sempre por distração do leitor.
Existem caminhos camuflados, que saltaram da mente para a escrita do
autor. Assim como caminhos doces, ou amargos, para quem lê, e que ele
sequer imaginou.
Então ao ler, pensamos se estamos no fim ou no começo de tudo. Procuramos uma âncora, entre a imagem e o texto. Nesse caso, uma imagem do nosso doce lar, uma galáxia, feita de açúcar; assim como alguns poemas.
Ao ler um poema, que nos toca de leve, sentimos grãos de açúcar, se desmanchando no céu da boca. Já, dependendo de onde estamos nesse universo, sentimos apenas areia, nesse momento, irritando os olhos.
Sempre que um texto nos toca, profundamente, deixando-nos completamente atônitos, ficamos com aquela sensação, de leveza ou pesar, mas em ambas situações, perdidos no ar, e sem saber, realmente, onde estamos.
Joakim Antonio
Imagem: Sugar by Jefras