quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Delícia
Menina, moleca incontível. Brinca de piruetas no ar, vira estrelinha, leve e solta, desperta nosso sorriso de criança, nos chama sem que percebamos pra sua dança, que nem imaginamos que irá começar.
Mulher, energia inconcebível. Passeia calmamente pelos caminhos, sensualidade natural, desperta olhares de adultos, com passos cadenciados e precisos, retirando nosso coração pra dançar.
Musa, dançarina incontrolável. Veste bem qualquer cor, mas nessa hora, só enxergamos seu vermelho, sangue, fervor, desejos, numa dança furacão, onde nos toma por inteiros e devolve, doce ou veneno, conforme nosso caminhar.
Nessa hora não há outra palavra que a defina, pois já não é menina, tampouco mulher. É furacão de sentidos não ouvindo qualquer um, mas aceitando ao pé do ouvido, da voz correta e no tom certo de malícia, a palavra reverência, de quem a sabe despertar...
Delícia!
Joakim Antonio
Imagem: Last night she said by Citizenvisuelle
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
Expresso marte - Palavra expressa
Levava para marte
Sem sair do lugar
E à sua frente
Pessoas do mundo inteiro
Salpicada ou inteiras
Em tons de vermelho
Vermelho sangue
Guerra, ira, miséria
Presente na alma
De diversos guerreiros
Passageiros, ditos da paz
Com fome e esperando
O prato da vingança esfriar
Muitos não queriam
Mas diziam estar ali
Aparentemente, sem escolha
Poi não havia outro caminho
E nas suas certezas
Este era o único trem
Que conseguiam enxergar
O trem era esperança
De que poderiam fugir
Mudar de vida
Indo a outro mundo
Sem espelhos disformes
Como esses daqui
Que lhes mostram frágeis
Um lugar de descanso
Dessa guerra religiosa
Onde os ignorantes
Não aceitam Seu Deus
E ele é obrigado
Em nome de Seu Deus
Destruir alguns lares
Uma lenda antiga diz
Que de vez em quando
O trem para e sai veloz
Em direção à estação Sol
Mas somente os loucos
Que chegaram nus
Conseguem embarcar
Joakim Antonio
Publicado originalmente na coluna Palavra expressa, no site Retratos da Alma.
Imagem: Red train by Artbytheo
Marcadores: autor, joakim, prosa, poesia, reflexão
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vermelho
sábado, 5 de dezembro de 2015
Concursos Literários do Mês de Dezembro de 2015
Confira também a lista completa dos Concursos do Ano e a lista das Seleções Permanentes.
As datas nos tópicos referem-se ao prazo limite para realizar a inscrição.
Legenda:
$ - Prêmio em dinheiro
@ - Inscrição pela internet
# - Voltado a público restrito
Lista dos concursos em aberto - Dezembro
- 05.12.2015 - II Concurso Contos de Natal da AABiP (@)
- 20.12.2015 - II Concurso de Trovas “Country Magazine” (Trovas)
- 30.12.2015 - Concurso “Odemira Literária” (Portugal) ($)
- 31.12.2015 - Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa (Portugal) ($)
- 05.12.2015 - II Concurso Contos de Natal da AABiP (@)
- 20.12.2015 - II Concurso de Trovas “Country Magazine” (Trovas)
- 30.12.2015 - Concurso “Odemira Literária” (Portugal) ($)
- 31.12.2015 - Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa (Portugal) ($)
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015
Senhora do tempo - Palavra expressa
O tempo não tem forma
aparece e doa-se
sem pretensão
ensina o segredo
das horas
o como
parar ou estender
momentos
presentes e passados
girando
engrenagens
com as próprias
antes paradas
mãos
O tempo se amolda
sorrindo ou não
trasportando-nos
em nuvens
de água doce
ou salgada
algumas vezes
amargas
que precipitam
em torrentes
sobre outros
mesmo que
lhe dissermos
não
sorrindo ou não
trasportando-nos
em nuvens
de água doce
ou salgada
algumas vezes
amargas
que precipitam
em torrentes
sobre outros
mesmo que
lhe dissermos
não
O tempo tem hora
porque contamos
quando
na verdade
ele é que conta
usando cada vez
uma forma
lembrado na falta
esquecido na sobra
mas sempre
mais esperado
quando senhora
do tempo
bom
porque contamos
quando
na verdade
ele é que conta
usando cada vez
uma forma
lembrado na falta
esquecido na sobra
mas sempre
mais esperado
quando senhora
do tempo
bom
Publicado originalmente na coluna Palavra expressa, no site Retratos da Alma.
Imagem: Suspension by Pachecoclaire
terça-feira, 1 de dezembro de 2015
Escrevendo paz - Descortinando Leon Tolstoi (escritor)
Somos formados de pedaços belos e feios, doces e amargos, convivendo entre si. Não só podemos, como devemos escrever sobre tudo, verdades, absurdos, sobre nada. Mas não há razão verdadeira para que mesmo que só escrevamos, armas, não possamos fazê-las disparar tiros de paz. Podemos até sentir complicada tristeza, mas o mesmo que sente sabe o que deseja, para mudar.
Experimente, mesmo que por economia, deixar de escrever por um momento, guerra; para escrever simplesmente, PAZ!
Joakim Antonio
"Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a sí mesmo." Leon Tolstoi - Pamphlets - translated from the Russian - página 71, Free Age Press, 1900
Leon Nikolaievitch Tolstoi (9 de setembro de 1828 - 20 de novembro de 1910). Foi um novelista, anarcopacifista e pensador moral, notável por suas idéias de resistência através da não violência. É considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.
Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.
Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.
Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples.
Pacifismo
Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-violência". No livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal.No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e ao militarismo como um todo). Ele também defende e exalta povos como os Quakers, que buscam a simplicidade, a autonomia e não utilizam de violência. Fonte: Wikipédia
Para saber mais:
Tolstoi e a anti-pedagogia (uma proposta de educação libertária) em http://www.revistas.usp.br/
Grandes entrevistas - Leon Tolstoi em Tiro de letra
Baixar livros gratuitamente no site Universia:
Anna Karenina
Guerra e Paz
Ressurreição
Imagem: Peace by subdoom
Marcadores: autor, joakim, prosa, poesia, reflexão
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pacifismo,
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tolstoi
domingo, 29 de novembro de 2015
Signatura - Palavra expressa
Assinaturas imperfeitas
significações raras
traços reveladores
das próprias falhas
Rubricas esperadas
término de ciclos
aprovação final
do contrato de risco
Pressão usada
coloração da tinta
espessura das linhas
forma da escrita
Texto conciso
letra ilegível
vida e assinatura
convergindo-se
Joakim Antonio
Publicado originalmente na coluna Palavra expressa, no site Retratos da alma.
Imagem: Aula de técnicas fotográficas - Light Painting by JoaKim
Marcadores: autor, joakim, prosa, poesia, reflexão
assinatura,
ciclo,
conciso,
convergir,
escrita,
garrancho,
ilegível,
imperfeito,
linha,
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rabisco,
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rascunho,
retratos da alma,
revelação,
risco,
rubrica,
signatura,
significação,
tinta
terça-feira, 17 de novembro de 2015
Na curva da estrada – Palavra expressa
Na curva da estrada
há um segredo
para saber tudo
sobre todos
Na curva da estrada
há um rio
há disputas
há o nada
Há um ser de fogo
pés alados
cor de barro
asas abertas
e desperto
Há um ser poderoso
um anjo
um demônio
uma deusa
um ateu
Na curva da estrada
há um homem
um garoto
um poeta
Há uma rainha
uma princesa
um louco
um mendigo
um espírito
Há verdades apontadas
em forma de
palavras
gestos
olhares
Na curva da estrada
há escondido
o silêncio que surge
nas gotas sob vidro espesso
Na curva da estrada
há um lindo
e brilhante
espelho
Joakim Antonio
Publicado originalmente na coluna Palavra Expressa, em Retratos da Alma.
Imagem: Escultura C–Curve de ANISH KAPOOR
quinta-feira, 12 de novembro de 2015
O Anjo Torto - Descortinando Torquato Neto (poeta)
O Poeta desafia conceitos, entorta as regras, fala de amor com a bravura da guerra e gostaria de parar guerras com uma flor. Cada palavra que não sai de sua boca, cada verso impedido de adornar o papel, vira angustia e consome-o, torna-o mais inferno que céu. Ele explode em sílabas tônicas e conjuga verdades improferíveis, por aqueles que deveriam ser os primeiros a dizê-las. É preciso compreendê-lo, mas não desculpá-lo, pois nenhum deles, do mais amável ao intolerável, declamou um poema sequer que se arrependesse.
Joakim Antonio
Pessoal intransferível, Torquato Neto.
“Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada nos bolsos e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.
Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, "herdeiro" da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.
E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão (Publicado na Coluna Geleia Geral de 14/09/ 1971).”
Torquato Pereira de Araújo Neto (Teresina, 9 de novembro de 1944 — Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1972) foi um poeta, jornalista, letrista de música popular, experimentador da contracultura brasileira.
Torquato envolveu-se ativamente na cena cultural soteropolitana, onde conheceu, além de Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Em 1962, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar jornalismo na universidade, mas nunca chegou a se formar. Trabalhou para diversos veículos da imprensa carioca, com colunas sobre cultura no Correio da Manhã, Jornal dos Sports e Última Hora. Torquato atuava como um agente cultural e polemista defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália, o Cinema Marginal e a Poesia Concreta, circulando no meio cultural efervescente da época, ao lado de amigos como os poetas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, o cineasta Ivan Cardoso e o artista plástico Hélio Oiticica. Nesta época, Torquato passou a ser visto como um dos participantes do Tropicalismo, tendo escrito o breviário "Tropicalismo para principiantes", onde defendeu a necessidade de criar um "pop" genuinamente brasileiro: "Assumir completamente tudo que a vida dos trópicos pode dar, sem preconceitos de ordem estética, sem cogitar de cafonice ou mau gosto, apenas vivendo a tropicalidade e o novo universo que ela encerra, ainda desconhecido". Torquato também foi um importante letrista de canções icônicas do movimento tropicalista. O cineasta Ivan Cardoso produziu o documentário Torquato Neto, o Anjo Torto da Tropicália. Os Titãs musicaram seu poema Go Back, que deu nome ao disco da banda de 1988.
Para mais visitem o excelente site TorQUaTo nEto = O AnJO tORtO contendo sua história, músicas, vídeos, noticias, publicações e a prosa e verso de Torquato Neto.
TODA PALAVRA GUARDA UMA CILADA: TORQUATO NETO ENTRE A VERTIGEM E A VIAGEM - Texto que propõe uma apropriação e uma revisão histórica dos textos torquateanos, de modo que eles possam expressar as condições de existir para parte da juventude brasileira nos anos sessenta. Fênix - Revista de história e assuntos culturais.
Letras de músicas: Letras Terra Torquato Neto
Marcadores: autor, joakim, prosa, poesia, reflexão
descortinando,
dia do poeta,
homenagem,
Torquato Neto
sábado, 7 de novembro de 2015
Conversa estreita - Descortinando Cecília Meireles (poeta)
Ela não soube, ou até soube e eu que não sei, as conversas estreitas que poderíamos ter.
Iríamos jogar conversas fora e depois recolhê-las do ar, condensá-las em textos maravilhosos de aprendizados raros, e mesmo tentado a escrever diálogos, eu apenas narraria a beleza de beber dessa poesia que flui desse mar chamado Cecília.
Talvez discutiríamos sobre espaço-tempo, de como disputas tolas são vencidas por ele e as palavras certas passam através, então falaríamos um pouco de solidão, da autoimposta e da não esperada, do esquecimento pela ausência e de como a encontro bem menos do que ela merece.
Por fim, pediria conselhos de escrita da educadora, dicas de mãe da escritora e mostraria, com intenção de receber mais críticas que elogios, textos recheados de sonhos e destinados às novas e velhas crianças.
Agora fecho o livro e penso, com certeza ela soube.
Joakim Antonio
Motivo (Cecília Meireles)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada
Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:
"Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea."
© Projeto Releituras Visite e conheça mais de Cecília Meireles.
Marcadores: autor, joakim, prosa, poesia, reflexão
Cecília Meireles,
descortinando,
homenagem,
nascimento
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
Concursos Literários do Mês de Novembro de 2015
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As datas nos tópicos referem-se ao prazo limite para realizar a inscrição.
Legenda:
$ - Prêmio em dinheiro
@ - Inscrição pela internet
# - Voltado a público restrito
Lista dos concursos em aberto - Novembro
- 06.11.2015 - XII Concurso Artístico Histórias de Natal (@)
- 10.11.2015 - XX Concurso de Poesia da APPACDM de Setúbal (Portugal)(@)
- 11.11.2015 - 3º Concurso Hydra de Literatura Fantástica (@)
- 17.11.2015 - Concurso Literário “Multiversos” (Contos - @)
- 30.11.2015 - IV Concurso de Contos Rota das Letras ($)
- 30.11.2015 - Prêmio Sesc-DF de Contos Machado de Assis ($)
- 30.11.2015 - Prêmio Sesc-DF de Crônicas Rubem Braga ($)
- 06.11.2015 - XII Concurso Artístico Histórias de Natal (@)
- 10.11.2015 - XX Concurso de Poesia da APPACDM de Setúbal (Portugal)(@)
- 11.11.2015 - 3º Concurso Hydra de Literatura Fantástica (@)
- 17.11.2015 - Concurso Literário “Multiversos” (Contos - @)
- 30.11.2015 - IV Concurso de Contos Rota das Letras ($)
- 30.11.2015 - Prêmio Sesc-DF de Contos Machado de Assis ($)
- 30.11.2015 - Prêmio Sesc-DF de Crônicas Rubem Braga ($)
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segunda-feira, 2 de novembro de 2015
Morte viva
Não existe
nada
mais vivo que a
Morte
a mais fiel das consortes
pontualíssima
nunca deixa de comparecer
Joakim Antonio
Imagem: La Catrina iv by nickchao
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Direcionante
Aperto o passo
garoa letras
finas
feito gilete
Procuro o conhecido
doa confeitos
finos
feito metralhadora
Abraço o ignorante
entoa cânticos
toscos
feito sábio
Joakim Antonio
Imagem: Opposing forces by Markus43
sábado, 3 de outubro de 2015
Maldita internet
Antes, as pessoas trabalhavam a semana toda e não viam a hora de chegar o fim de semana para ver os amigos, quando dava e mais no domingo, porque sábado era pra limpar a casa.
Agora, as pessoas trabalham a semana toda e não veem a hora de chegar o fim de semana para ver os amigos, quando dá e mais no domingo, porque sábado é pra limpar a casa.
Mas elas ficam a semana toda falando, que por causa da internet, as pessoas não se veem mais.
Maldita internet viu!
Joakim Antonio
Imagem: The Internet. by Paperairplane
quinta-feira, 1 de outubro de 2015
Concursos Literários do Mês de Outubro de 2015
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# - Voltado a público restrito
Lista dos concursos em aberto - Outubro
- 01.10.2015 - Concurso de Contos do Ateneu de Coimbra e SPRC (Contos)
- 01.10.2015 - Edital - Prêmio Literário Dalcídio Jurandir (Livros Inéditos - $)
- 05.10.2015 - Chamada para Publicação - Sementes Líricas (Livros Inéditos - Poesias)
- 09.10.2015 - 12º Concurso Poemas no Ônibus de Gravataí - RS
- 09.10.2015 - 10º Concurso de Narrativas de Morro Reuter (@)
- 10.10.2015 - Prêmio Literário Pescaria (Poesia, Conto e Crônica - @)
- 15.10.2015 - Chamada para Publicação - "A Branca" (@)
- 15.10.2015 - 8º Concurso de Haicai Masuda Goga
- 15.10.2105 - 33º Concurso Literário Yoshio Takemoto (Haicai, Poesia e Conto - $)
- 18.10.2015 - Concurso de Minicontos “Jovens escritores, grandes histórias”(@)
- 20.10.2015 - 11º Concurso "Poetizar o Mundo" (Poemas - @)
- 25.10.2015 - XXVI Concurso de Poesia da ALAP
- 30.10.2015 - Prêmio Maraã de Poesia Brasileira (Livros Inéditos - Poesia)
- 31.10.2015 - X Concurso Contos do Tijuco - Valnice Pereira ($)
- 31.10.2015 - Editais da Prefeitura de Ponta Grossa ($)
- 31.10.2015 - Concurso de Contos "O Futuro em Nossas Mãos"(Estudantes)
- 31.10.2015 - 4º Prêmio SFX de Literatura (Contos e Poemas)
- 31.10.2015 - VII Concurso Literário "Cidade de Maringá" (Trovas, Poemas e Crônicas)
- 31.10.2015 - 57º Premio Literario Casa de las Américas ($)
- 31.10.2015 - 14º Prêmio Literário Livraria Asabeça (Livros Inéditos - Poesias)
- 01.10.2015 - Concurso de Contos do Ateneu de Coimbra e SPRC (Contos)
- 01.10.2015 - Edital - Prêmio Literário Dalcídio Jurandir (Livros Inéditos - $)
- 05.10.2015 - Chamada para Publicação - Sementes Líricas (Livros Inéditos - Poesias)
- 09.10.2015 - 12º Concurso Poemas no Ônibus de Gravataí - RS
- 09.10.2015 - 10º Concurso de Narrativas de Morro Reuter (@)
- 10.10.2015 - Prêmio Literário Pescaria (Poesia, Conto e Crônica - @)
- 15.10.2015 - Chamada para Publicação - "A Branca" (@)
- 15.10.2015 - 8º Concurso de Haicai Masuda Goga
- 15.10.2105 - 33º Concurso Literário Yoshio Takemoto (Haicai, Poesia e Conto - $)
- 18.10.2015 - Concurso de Minicontos “Jovens escritores, grandes histórias”(@)
- 20.10.2015 - 11º Concurso "Poetizar o Mundo" (Poemas - @)
- 25.10.2015 - XXVI Concurso de Poesia da ALAP
- 30.10.2015 - Prêmio Maraã de Poesia Brasileira (Livros Inéditos - Poesia)
- 31.10.2015 - X Concurso Contos do Tijuco - Valnice Pereira ($)
- 31.10.2015 - Editais da Prefeitura de Ponta Grossa ($)
- 31.10.2015 - Concurso de Contos "O Futuro em Nossas Mãos"(Estudantes)
- 31.10.2015 - 4º Prêmio SFX de Literatura (Contos e Poemas)
- 31.10.2015 - VII Concurso Literário "Cidade de Maringá" (Trovas, Poemas e Crônicas)
- 31.10.2015 - 57º Premio Literario Casa de las Américas ($)
- 31.10.2015 - 14º Prêmio Literário Livraria Asabeça (Livros Inéditos - Poesias)
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segunda-feira, 28 de setembro de 2015
Rhyme and Poetry - Descortinando Tupac Shakur (poeta)
Me dê forças senhor, eu tenho um plano. |
Dizem que estou vivo
dizem que estou morto
alguns gostariam
que eu já viesse natimorto
Outros desejavam
que eu nem existisse
fosse mudo, cego, surdo
as diversas sandices
Dos senhores desse mundo
pessoas normais
em suas vidas banais
gastando mundo e fundos
em objetos pessoais
Pouco se lixando
para fora dos quintais
independente da cor
não importando a raça
Porque quando fica rico
vem a grande trapaça
outra classe, outra cara
uma nova humanidade
muitos sorrisos plásticos
e toda falsidade
Mãos verdes estendidas
para mãos coloridas
com ouro, pedra e jóias
vindas das pobres marmitas
dos trabalhadores braçais
poucas vezes lembrados
vindas do trabalho suado
daquele maltrapilho
sujeito de unhas sujas
consertando objetos
deles e dos filhos
Foi assim, sempre será?
serras peladas vendendo
seu corpo na estrada
Foi assim, sempre será?
escravos da moda
pela mídia indicada
Vivo eu não estou
morto não serei
meu nome é 2pac
e eu ainda sou
Joakim Antonio
(Poem) IN THE EVEN OF MY DEMISETupac Shakur
In the event of my Demise
when my heart can beat no more
I Hope I Die For A Principle
or A Belief that
I had Lived 4
I will die Before
My Time Because
I feel the shadow's Depth
so much I wanted 2 accomplish
before I reached my Death
I have come 2 grips with the possibility
and wiped the last tear from My eyes
I Loved All who were Positive
In the event of my Demise
Tradução:
No caso de eu morrer quando meu coração não mais bater
Espero ter morrido por um princípio
Ou por algo que eu tenha dedicado minha vida
Eu irei morrer antes da minha hora
Porque sinto a sombra da morte perto de mim
Tantas coisas que eu gostaria de ter feito
Antes de te chegado a minha morte
E achei que teria essa possibilidade
E limpei a última lágrima dos meus olhos
Eu amei todos que foram positivos
No caso de eu morrer
Tupac Amaru Shakur (Nova Iorque, 16 de junho de 1971 - Las Vegas, 13 de setembro de 1996), mais conhecido pelos seus nomes artísticos 2Pac, Makaveli ou apenas Pac, foi um rapper estadunidense. Críticos e membros da indústria fonográfica o nomeiam como o maior Rapper de todos os tempos. Em 2010, ele já havia vendido pelo menos 75 milhões de cópias pelo mundo. Além de ser músico, Tupac também foi ator e ativista social. A maioria das suas canções trata sobre como crescer no meio da violência e da miséria nos guetos, o racismo, os problemas da sociedade e os conflitos com os outros rappers. O trabalho de Shakur é conhecido por defender a igualdade política, econômica, social e racial. Antes de entrar para a carreira artística, ele foi poeta e era um roadie e dançarino de hip hop alternativo.
Poesia
O poema do post, faz parte do livro "The Rose that grew from concrete". O livro contém 71 poemas escritos por Tupac, que começou a escrevê-los com dezoito anos de idade.
Com doze anos de idade, Shakur se matriculou na 127th Street Repertory Ensemble do Harlem, um grupo de teatro, e foi escolhido como o personagem Travis Younger na peça A Raising in the Sun, que foi performada no Apollo Theater. Em 1986, sua família se muda para Baltimore, Maryland. Depois de completar seu segundo ano na Paul Laurence Dunbar High School, ele foi transferido para a Baltimore School for the Arts, onde ele estudou atuação, poesia, jazz e balé. Ele atuou em algumas peças de Shakespeare e também atuou como o Rei das Ratazanas em o Quebra-Nozes.
Shakur, acompanhado de seu amigo Dana "Mouse" Smith, seu beatboxer, ganhou na maioria das competições de rap em que participou e era considerado o melhor rapper da escola. Ele também foi lembrado como uma das crianças mais populares da escola devido ao seu senso de humor, habilidades de rap superiores, e capacidade de se misturar com todas as turmas. Pac também desenvolveu uma forte amizade com uma jovem Jada Pinkett (mais tarde Jada Pinkett Smith, após se casar com Will Smith), que durou até sua morte. Um poema escrito por 2Pac intitulado "Jada" apareceu em seu livro The Rose That Grew From Concrete, que incluia outro poema dedicado a ela chamado "The Tears in Cupid's Eyes".
Em Junho de 1988, Tupac e sua família se mudaram mais uma vez, dessa vez para Marin City, na Bay Area da California, onde ele estudou na Tamalpais High School. Ele começou a frequentar as aulas de poesia de Leila Steinberg em 1989, que acabou se tornando sua mentora e empresária. Naquele mesmo ano, Steinberg organizou um concerto com uma ex-banda de Shakur, Strictly Dope; aquele show o levou a assinar um contrato com Atron Gregory que o colocou como roadie e dançarino do grupo de rap Digital Underground. Enquanto morando em Marin City, Tupac se envolveu com tráfico de drogas e devido a discussões com sua mãe, acabou saindo de casa e ficando sem teto por algum tempo, indo morar frequentemente na casa de amigos e de seu irmão Mopreme em Oakland.
Em 2004 foi lançado o livro, Inside A Thugs Heart, que compila cartas e poemas escritos por Tupac Shakur (1971-1996) durante o período em que o rapper esteve detido em Rikers Island (EUA), em 1995, após ser julgado culpado em caso de agressão sexual. As correspondências eram trocadas com a atriz, modelo e roteirista Angela Ardis, que assina o texto do livro.
Curiosidades
Tupac gostava de vários artistas na músicas, incluindo Eric Clapton, Tracy Chapman, Jimi Hendrix e Muddy Waters. Ele costumava chamar Tracy Champan de uma "Verdadeira Poetisa".
Uma das peças musicais favorita de Tupac era Les Miserables. Ele foi ver uma vez essa peça com sua então namorada Keisha Morris.
Tupac tem um letra de rap na parede da livraria Enoch Pratt Free em Baltimore. Ela fica ao lado de uma poesia de Edgar Allan Poe.
O poema de Tupac "Nothing can come between us," foi escrito para seu amigo John Cole, o qual Tupac chamava de "White Boy John".
Tupac está no Guinness Book como o rapper mais bem sucedido da história.
Fontes: 2pac.com, Wikipédia, 2pac Brasil
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quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Criado
Meu Pai teve uma ideia
não to fazendo nada
to entediado
e quer saber
aqui tá muito escuro
faça-se a luz
então se a luz se fez
somos todos luz
concorda
não
problema seu
só porquê alguém quer 1 e 1 não são 3
será? tenho minhas dúvidas
é? quais
se eu te contar não serão mais só minhas
é que eu sou meio egoísta sabe
é que eu sou meio egoísta sabe
Imagem: The Criation by Agnishad
terça-feira, 22 de setembro de 2015
Colos
Quero o seu sorriso
preciso
Quero além de amante
ombro amigo
Quando eu virar criança
fitando teus olhos
quero muito
colo
E ao olhar de novo
protegido
Aninhado e me sentindo
um menino
Sentir um novo sopro
vindo de você
me fazendo
crescer
Ser o seu homem
abrigo
Salvaguardá-la de todo mal
dos perigos
Ser seu cavaleiro andante
envolvê-la nessa hora
meus braços
agora
NINAR VOCÊ
Joakim Antonio
Publicado originalmente em, Manufatura - Literatura feita de maneira artesanal.
Imagem: Lullaby by Zucch3rino
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Para tudo
Para tudo
renego o negro
em estado de luto
entro numa espiral
de negra luz
negro is beautiful
destituo o negro
do atrelo a negação
atrelada a negro tom
vozes ganham novo brilho
negro é bonito
aparto o negro
do bloqueio da visão
céu nublado me cega
negro me guiam estrelas
negro é beleza
Para tudo
Joakim Antonio
"Incrível mesmo é você saber que a sensibilidade, a mobilização da media mundial tem um padrão racial, Senegaleses estão morrendo na costa do Mediterrâneo, estão sendo sepultado no fundo dos mares, seus cadáveres são deixados para ser decompostos pelos sol e devorados pelas condições climáticas existentes, no entanto precisávamos ser brancos, ter a cor de Aylan Kurdin para que a morte fosse testemunhada pela media internacional e todo mundo se comovesse...no entanto a carne negra é barata demais para tal, se a média internacional oferecer padrão de sensibilidade pluri-racial para as tragédias humanas logo teriam de justificar todas as atrocidades cometidas sobre pessoas negras, o descaso faz parte de um plano, é necessário a carne e a vida negra continuarem baratas para que a opressão, as guerras e as invasões, tenham justificação aos olhos do imperialismo contemporâneo."
Isidro Fortunato
Imagem: Corpos de imigrantes ilegais na costa do al- Qarbole, cerca de 60 quilômetros a leste de Trípoli, em 25 de agosto de 2014, após um barco que transportava 200 imigrantes ilegais da África Subsaariana afundou na capital Líbia dois dias antes. AFP PHOTO / MAHMUD TURKIA
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Imperfeição
Busco a imperfeição do verso
o errado nunca o certo
o choque das palavras
ao tocar a água
Pequenas ondas
em crescendo
tsunami
destruidoras de ideias
Que no refluxo
levam embora
cascas mortas
de palavras escritas
Então maculo o papel
que em branco
gritaria muito mais
Joakim Antonio
Arte: JoaKim
Imagem original: Courage of Samurai by Artgerm
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
Mundo mágico - Palavra Expressa
Destrave a mágica
Entenda as misturas
De cores, de amores
Dilua as fórmulas
Crie novas canções
De amizade e paz
Dispare olhares
Fabrique sorrisos
Desobstrua o coração
Abrace com vontade
Dance sem medo
Seja livre e feliz
Abra a fechadura
Aceite a mágica
Aprenda a perceber
Refaça os planos
Relembre o básico
Redescubra o simples
Esqueça passado e futuro
Agradeça o presente
Sorria por estar aqui
Quando criança, eu acreditava que algumas pessoas podiam fazer mágica.
Ao crescer, descobri que era verdade, elas sabiam materializar sorrisos.
Joakim Antonio
Imagem: Unlock The Magic by Lennuk
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quinta-feira, 10 de setembro de 2015
Um minuto de silêncio - A noite dos poetas assassinados
Quando um poeta morre, a natureza cala-se.
Joakim Antonio
A noite dos poetas assassinados
© Jane Bichmacher de Glasman*
O ano é 1952, último ano da vida de Stalin. O lugar, Rússia, União Soviética. O dia, 12 de agosto. Mais especificamente, a noite de 12 para 13 de agosto de 1952.
Nesta data, cerca de 15 judeus soviéticos, incluindo os mais proeminentes escritores, poetas, e artistas judeus russos de língua ídishe foram secretamente julgados e condenados por crimes capitais, incluindo traição, espionagem e nacionalismo burguês.Eles eram visados devido à sua participação no Comitê Anti-Fascista Judaico e à sua resposta como judeus às atrocidades nazistas no território soviético ocupado.
Nesta noite eles foram executados por ordem de Josef Stalin, no calabouço da infame prisão da praça Lubyanka em Moscou.
Entre as vítimas estavam Peretz Markish, David Bergelson, Itzik Fefer, Leib Kvitko, David Hofstein, Benjamin Zuskin, Solomon Lozovsky, Boris Shimeliovich Dovid Bergelson e Der Nister.
A data é lembrada como a “noite dos poetas assassinados.”
Itzik Fefer, Albert Einstein e Solomon Mikhoels, em 1943 |
Seus escritos mostram pouco da nostalgia ou devoção que vemos nas descrições da cultura ídishe[1] o pré-Holocausto. Todos eles - os poetas Peretz Markish, Dovid Hofshteyn, Itzik Fefer, Leyb Kvitko e o novelista Dovid Bergelson - assistiram a Revolução soviética em 1917. A maioria havia se mudado do shtetl[2], das aldeias da Pale[3], para Kiev e Moscou, em busca de liberdade intelectual e artística no fervor do modernismo do princípio do século XX. Todos apoiaram o estado comunista emergente.
Ouvimos sua vibração na abertura do poema[4] sem título de Markish:
Eu não sei se eu estou em casa
ou desabrigado.
Estou correndo, minha camisa
sem botões, sem limites, ninguém
me segura, sem começo,
sem fim
meu corpo é espuma
cheiro de vento
Agora
é meu nome.
Seu sentido do futuro ecoa na estrofe do poema “Cidade” de Hofshteyn:
Cidade!
Eu cheguei em teu porto
no navio de minha solidão.
O navio de minha solidão…
Eu lavei suas velas
nos ventos…
Elas definharam e rasgaram
nos comprimentos e nas larguras
do mundo.
Eram férteis escritores. Após anos no exterior, em Berlim e na Palestina, de 1923 a 1926, Hofshteyn retornou à União Soviética e publicou numerosos volumes de poesia e traduções. Markish fundou o movimento ídishe modernista conhecido como Khaliastre durante seus anos em Varsóvia. Após seu retorno à Rússia, foi-lhe concedido o Prêmio Lênin de Literatura em 1939. Fefer editou os jornais ídishes Prolit e Desafio e tornou-se membro da União de Escritores Soviéticos. Em 1943, viajou aos Estados Unidos com o ator Solomon Mikhoels atraindo audiências maciças em Nova York em apoio ao trabalho da liga Anti-Fascista.
Por que eles foram assassinados?
Todos estavam relacionados ao Comitê Anti-Fascista Judaico, estabelecido em 1942 pela União Soviética para atrair o apoio das comunidades judaicas dos Países Aliados na guerra contra Hitler. Com o fim da guerra, a organização já não era mais útil a seus propósitos. Stalin, como soía fazer, virou-se contra seus líderes. Prendeu a maioria entre 1948 e 1949, levou a julgamento em 1952 – culminando com sua execução na noite de 12 de agosto no porão da prisão Lubyanka.
As mortes destas figuras centrais na literatura ídishe soviética representaram novo golpe à cultura judaica já devastada pelo Holocausto. Silenciaram o núcleo remanescente de intelectuais ativos politicamente e excluíram presumir que tal cultura pudesse sobreviver na Rússia pós-guerra.
É difícil para alguns de nós recordar agora o otimismo inicial inspirado pela revolução soviética. Tendemos a ter pouca simpatia pelos escritores que compuseram cantos para os trabalhadores ou para Stalin, como vários destes homens.
Mas com isto nós nos esquecemos de nossas próprias vidas: como nos comprometemos para ganhar a vida; como um ano se transforma 5, em 10; como permanecemos em um trabalho ou em um relacionamento demasiado longo, sem esperança, ou porque nós amamos.
Esquecemos também das difíceis opções dos artistas judeus daquela época, já estranhos às suas tradições, que não obstante criaram um lar, tentando realizar em alguma medida sua esperança. E esquecemos da ruína gradual mas catastrófica forjada por Stalin.
Uma voz mais pungente para o que foi perdido pode ser ouvida no clamor de Hofshteyn:
Meu amor, meu amor puro!
uma chamada a que sempre atentei
muda, carreguei-a
mil dias:
acima da cabeça cinzenta de meu povo,
para ser
um brilho jovem!
Brilho desperdiçado: interrompido, silenciado e recordado como o que se torna tão distante...
Honremos sua memória com alguns versos destes poetas.
Como seu fim, profética e tragicamente anunciado por Kvitko, em 1919, em “Morte Russa”:
Morte russa
é toda a morte.
Dor russa
é toda a dor.
Como está agora o coração do mundo?
E a sua ferida purulenta?
Pergunta a uma criança.
Pergunta a uma criança judia.
Publicado em Visão Judaica Ed. 62, outubro de 2007. (PDF)
* Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica -USP, Professora Adjunta, Fundadora e ex-Diretora do Programa de Estudos Judaicos –UERJ, escritora.
[1] Ídishe- idioma judaico originado do alemão grafado em caracteres e com muitos vocábulos hebraicos.
[2] Shtetl (do ídishe: cidadezinha) é o nome ídishe das cidades judaicas na Europa oriental (Polônia, Rússia, Belarus
etc.).
[3] Sob o governo czarista, os judeus não tinham permissão para viver fora do Território de Assentamento (Pale), uma região da Rússia, onde, até 1907, massacres eram uma ocorrência comum.
[4] Os poemas foram traduzidos pela autora deste artigo. Para ler mais deles e sobre eles contate a mesma.
Para saber mais:
Português
- Judeus na União Soviética (1917-1991) em Cybersio
English
- Night of the Murdered Poets, with more links in Wikipedia.
Imagens:
1. Silence by fokkusunm
2. Itsik Fefer and Shlomo Mikhoels meet with Albert Einstein. Princeton, 1943. (YIVO Archives)
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quarta-feira, 9 de setembro de 2015
Escrevendo paz - Descortinando Leon Tolstoi (escritor)
Somos formados de pedaços belos e feios, doces e amargos, convivendo entre si. Não só podemos, como devemos escrever sobre tudo, verdades, absurdos, sobre nada. Mas não há razão verdadeira para que mesmo que só escrevamos, armas, não possamos fazê-las disparar tiros de paz. Podemos até sentir complicada tristeza, mas o mesmo que sente sabe o que deseja, para mudar.
Experimente, mesmo que por economia, deixar de escrever por um momento, guerra; para escrever simplesmente, PAZ!
Joakim Antonio
"Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a sí mesmo." Leon Tolstoi - Pamphlets - translated from the Russian - página 71, Free Age Press, 1900
Leon Nikolaievitch Tolstoi (9 de setembro de 1828 - 20 de novembro de 1910). Foi um novelista, anarcopacifista e pensador moral, notável por suas idéias de resistência através da não violência. É considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.
Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.
Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.
Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples.
Pacifismo
Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-violência". No livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal.No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e ao militarismo como um todo). Ele também defende e exalta povos como os Quakers, que buscam a simplicidade, a autonomia e não utilizam de violência. Fonte: Wikipédia
Para saber mais:
Tolstoi e a anti-pedagogia (uma proposta de educação libertária) em http://www.revistas.usp.br/
Grandes entrevistas - Leon Tolstoi em Tiro de letra
Baixar livros gratuitamente no site Universia:
Anna Karenina
Guerra e Paz
Ressurreição
Imagem: Peace by subdoom
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terça-feira, 8 de setembro de 2015
Silêncio impreciso - Descortinando Camillo de Jesus Lima (poeta)
Então me tranco num escuro profundo
não do quarto, nem do mundo, tampouco do inteiro breu
mas da visão turva, crivada de zunidos
de balas achadas, gritos perdidos e esperança minada
que tolhem a própria imaginação do ser
Nesse quase somente eu
escuto a mente de todos nós
atados pelo estado, inercial e letárgico
imposto pelas pílulas adocicadas e diluídas
em gás do riso, alheio, ao nosso querer
Então, mudo, desabafo pelos olhos
numa busca incerta de imagens
para todos os sons presentes
no silêncio impreciso
do começar a escrever
Joakim Antonio
O Poeta Escrevendo
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.
De que serve trancar a porta?
De que serve botar as mãos no ouvido?
De que serve fazer papel de surdo que não quer ouvir?
Gritos de homens na rua entram, apesar de tudo,
Uivos de seviciados entram, apesar de tudo.
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.
Os eunucos estão fazendo flores nas torres de marfim,
Mas eu estou é no meio do mundo.
O rumor das ruas confunde-se ao ritmo do teclado da máquina.
Metralhadoras escrevem poemas no teclado da máquina.
Cavalos estão batendo patas no teclado da máquina.
Gente lutando,
Suando,
Amando, nas cinco partes do mundo.
Quem pode escrever poemas de solidão,
Se portas trancadas nada valem,
Se mãos nos ouvidos nada valem,
Se, fazer o papel do surdo que não quer ouvir, nada vale,
Se os olhos dos moribundos ficam, no alto, iluminando as páginas,
Se mãos alvas vem acender o cigarro, devagarinho,
Se o rumor da rua vem fazer coro ao ritmo do teclado da máquina?
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.
Camillo de Jesus Lima
Camillo em 1937 |
Camillo de Jesus Lima (Caetité, 8 de setembro de 1912 — Itapetinga, 28 de fevereiro de 1975) foi um poeta brasileiro.
Como ocorria a todos os estudantes daqueles tempos, Camillo simpatiza com as idéias comunistas. Qual seu tio-avô Plínio de Lima, que abraçara a causa da igualdade entre os homens com o abolicionismo, Camillo defende uma sociedade mais justa, e irá pagar alto preço por isto.
Tornando-se tabelião ("oficial de registro de imóveis e hipotecas"), mora em Vitória da Conquista, Macarani e Itapetinga. Talentoso, desdobra-se em jornalista, escritor, professor, deixando extensa obra literária, do romance ao conto, mas é na poesia que se consagra, já em 1942, com o livro Poemas, recebedor do Prêmio Raul de Leoni da Academia Carioca de Letras (edição de "O Combate", que publicou quatro de seus livros).
Também publicou: As Trevas da Noite Estão Passando ("O Combate", em colaboração com Laudionor Brasil, poemas, 1941); Viola Quebrada ("O Combate", poesia, 1945); Novos Poemas ("O Combate", id., ib.); Cantigas da Tarde Nevoenta ("Edição de Artes Gráficas - Salvador", poesia); Memórias do Professor Mamede Campos (romance); A Mão Nevada e Fria da Saudade ("Edições MAR", poesia), A Bruxa do Fogão Encerado (contos); Vícios (contos); Bonecos (Perfis); O Livro de Miriam (Poesia, 1973, impresso na gráfica de "O Jornal de Conquista" para "edições MAR"); Cancioneiro do Vira-mundo (Poesia), e outros tantos escritos, publicados em todo o país, muitos ainda inéditos.
Mesmo longe dos centros culturais do país, Camillo fervilha com a pena na mão. Sua poesia plena de lirismo cativa, e tem em Vitória da Conquista, num tempo onde surgem Glauber Rocha, Elomar e outros, um meio artístico incomum, que, por produzir pensamentos, provocou reação junto àqueles para quem o pensar e a palavra eram armas perigosas, a ser combatidas… Wiki
Para saber mais:
- Poeta Camillo: Excelente blog sobre o poeta Camillo de Jesus Lima, organizado por seu filho Luiz Carlos de Jesus Lima, com poemas, depoimentos, vídeos, homenagens, frases, documentos, fotos e artigos de jornais e revistas.
- #100Camillo: O poeta proletário, homenagem, de 2012, ao centenário do poeta em Conversa de Balcão
- Um lugar para o poeta baiano Camillo de Jesus Lima: entre nós, por Esmeralda Guimarães Meira em Revista Tabuleiro de Letras, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB (PDF)
- Literatura e Política: A Trajetória de um Poeta Militante no Interior da Bahia, por Maria Aparecida S. de Sousa e Carlos Gomes Borborema em Revista Politéia, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB (PDF)
- Vídeo: Viola Quebrada. Uma poesia de Camillo de Jesus Lima em Youtube.com
Imagens originais: http://poetacamillo.blogspot.com.br
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