segunda-feira, 16 de abril de 2012

Satisfação - Dia 10/49


Você é feliz no que faz?



Fecho a porta bem devagar, mas ela sempre ouve.

- Onde você vai?
- Comprar comida mãe.
- Não vai me dizer que é peixe cru de novo?
- Sushi mãe, já falei que é sushi.
- É peixe cru sim senhor e outra, você ainda vai passar mal de tanto comer aquilo.
- Ai, ai, santa ignorância. Quando eu for um Sushiman a senhora vai ficar orgulhosa.
- Eu? Há, até parece, vai logo para não voltar tarde demais.

Sorri e saí de casa correndo, estou atrasado, ainda bem que a aula é dentro da peixaria. Ninguém desconfia, mas Yamamoto é um mestre. A primeira vez que o vi fiquei impressionado com o manejo da faca, parecia um samurai, movimentos precisos e fortes, porém delicados. A impressão que dá é de que a faca é uma extensão do seu corpo. Outra coisa notável é que ele sempre sorri, não que nunca o visse sério, mas isso só acontecia quando ele preparava a comida para nós e mesmo assim, ao olhar bem, ele sustentava um leve sorriso na face. Com o tempo ele me contou sua história, desde seu tataravô e confiou-me o maior segredo da sua família: fazer tudo com disciplina sem esquecer-se de acrescentar suavidade e beleza ao trabalho. Seus sushis parecem pequenas obras de arte, e no final do preparo seu sorriso sempre aumenta, pois ele fica satisfeito em ter dado o melhor se si!

Nunca vou esquecer o primeiro dia que falei com ele.

- Oi, qual o seu nome?
- Yamamoto.
- Estava ali lhe observando preparar sua comida e pensei, esse cara é um mestre. Você poderia me ensinar a fazer essas pequenas obras de arte?

Nesse momento até levei um susto, ele soltou uma grande risada e disse: "Você é louco, obras de arte?  Isso é apenas peixe cru!"

Eu ri muito, viramos amigos e com o tempo descobri a satisfação de dar o melhor de si, não importando o trabalho feito.

Ah, sobre a frase dele que me assustou, por favor, nunca contem para minha mãe eu não aguentaria ela dizendo todo santo dia, "Eu falei que era só peixe cru!".

Joakim Antonio 


Muitas vezes não damos o melhor de si, mesmo achando que sim. Pode-se dar o melhor em suor, energia, pró-atividade e mesmo assim não ser 100%. Pense bem, quem já não viu na sala de aula, ou já fez, um trabalho correndo e tirou até uma nota boa, mas quando alguém olha diz, "Nossa, só garrancho!".

Eu já entreguei muito trabalho assim, no meu caso não tinha habilidade nem paciência para pintar com lápis de cor, então entregava pronto, mas poderia ser melhor se fizesse com calma. Hoje em dia presto atenção em muitos detalhes. Podemos ter disciplina e paixão pelo trabalho, o que já é louvável, mas se trouxermos beleza para ele, vamos nos sentir muito mais satisfeitos e quem nos olha também ficará admirado. No final, quem sairá ganhando somos todos nós.


Hoje é o décimo dia, e a segunda semana de uma jornada , o assunto de hoje é beleza na disciplina, satisfação.

Um comentário:

  1. Lendo seu texto, lembrei que sempre tive preconceito com "peixe cru", e portanto, quando meus filhos se deliciavam com sushis, temakis, e outras iguarias nipônicas, eu agia como sua mãe!
    Pois bem! Na semana passada, tomei coragem e fui a um restaurante japonez, e provei aquilo que para mim sempre pareceu docinhos de aniversário...rsss
    Gostei, e vou voltar lá!
    Quem sabe sua mãe também não muda de ideia, Joakim? rsss
    Grande abraço!

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"Quando escrevo minhas idéias tornam-se a pena e minha alma a tinta, por isso quando você lê, você me sente."

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