quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Delícia



Menina, moleca incontível. Brinca de piruetas no ar, vira estrelinha, leve e solta, desperta nosso sorriso de criança, nos chama sem que percebamos pra sua dança, que nem imaginamos que irá começar.

Mulher, energia inconcebível. Passeia calmamente pelos caminhos, sensualidade natural, desperta olhares de adultos, com passos cadenciados e precisos, retirando nosso coração pra dançar.

Musa, dançarina incontrolável. Veste bem qualquer cor, mas nessa hora, só enxergamos seu vermelho, sangue, fervor, desejos, numa dança furacão, onde nos toma por inteiros e devolve, doce ou veneno, conforme nosso caminhar.

Nessa hora não há outra palavra que a defina, pois já não é menina, tampouco mulher. É furacão de sentidos não ouvindo qualquer um, mas aceitando ao pé do ouvido, da voz correta e no tom certo de malícia, a palavra reverência, de quem a sabe despertar...

Delícia!

Joakim Antonio 


Imagem: Last night she said by Citizenvisuelle

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Expresso marte - Palavra expressa


Era um trem diferente
Levava para marte
Sem sair do lugar
E à sua frente
Pessoas do mundo inteiro
Salpicada ou inteiras
Em tons de vermelho

Vermelho sangue
Guerra, ira, miséria
Presente na alma
De diversos guerreiros
Passageiros, ditos da paz
Com fome e esperando
O prato da vingança esfriar

Muitos não queriam
Mas diziam estar ali
Aparentemente, sem escolha
Poi não havia outro caminho
E nas suas certezas
Este era o único trem
Que conseguiam enxergar

O trem era esperança
De que poderiam fugir
Mudar de vida
Indo a outro mundo
Sem espelhos disformes
Como esses daqui
Que lhes mostram frágeis

Um lugar de descanso
Dessa guerra religiosa
Onde os ignorantes
Não aceitam Seu Deus
E ele é obrigado
Em nome de Seu Deus
Destruir alguns lares

Uma lenda antiga diz
Que de vez em quando
O trem para e sai veloz
Em direção à estação Sol
Mas somente os loucos
Que chegaram nus
Conseguem embarcar

Joakim Antonio


Publicado originalmente na coluna Palavra expressa, no site Retratos da Alma.

Imagem: Red train by Artbytheo

sábado, 5 de dezembro de 2015

Concursos Literários do Mês de Dezembro de 2015




Concursos Literários do Mês de Dezembro de 2015 


Confira também a lista completa dos Concursos do Ano e a lista das Seleções Permanentes.

As datas nos tópicos referem-se ao prazo limite para realizar a inscrição.

Legenda:
$ - Prêmio em dinheiro
@ - Inscrição pela internet
# - Voltado a público restrito


    quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

    Senhora do tempo - Palavra expressa



    O tempo não tem forma
    aparece e doa-se
    sem pretensão
    ensina o segredo
    das horas
    o como
    parar ou estender
    momentos
    presentes e passados
    girando
    engrenagens
    com as próprias
    antes paradas
    mãos
    O tempo se amolda
    sorrindo ou não
    trasportando-nos
    em nuvens
    de água doce
    ou salgada
    algumas vezes
    amargas
    que precipitam
    em torrentes
    sobre outros
    mesmo que
    lhe dissermos
    não
    O tempo tem hora
    porque contamos
    quando
    na verdade
    ele é que conta
    usando cada vez
    uma forma
    lembrado na falta
    esquecido na sobra
    mas sempre
    mais esperado
    quando senhora
    do tempo
    bom

    Publicado originalmente na coluna Palavra expressa, no site Retratos da Alma.

    Imagem: Suspension by Pachecoclaire

    terça-feira, 1 de dezembro de 2015

    Escrevendo paz - Descortinando Leon Tolstoi (escritor)


    Somos formados de pedaços belos e feios, doces e amargos, convivendo entre si. Não só podemos, como devemos escrever sobre tudo, verdades, absurdos, sobre nada. Mas não há razão verdadeira para que mesmo que só escrevamos, armas, não possamos fazê-las disparar tiros de paz. Podemos até sentir complicada tristeza, mas o mesmo que sente sabe o que deseja, para mudar.

    Experimente, mesmo que por economia, deixar de escrever por um momento, guerra; para escrever simplesmente, PAZ!

    Joakim Antonio



    "Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a sí mesmo." Leon Tolstoi - Pamphlets - translated from the Russian - página 71, Free Age Press, 1900




    Leon Nikolaievitch Tolstoi (9 de setembro de 1828 - 20 de novembro de 1910). Foi um novelista, anarcopacifista e pensador moral, notável por suas idéias de resistência através da não violência. É considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.

    Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.

    Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.

    Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples.

    Pacifismo

    Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-violência". No livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal.

    No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e ao militarismo como um todo). Ele também defende e exalta povos como os Quakers, que buscam a simplicidade, a autonomia e não utilizam de violência. Fonte: Wikipédia


    Para saber mais:


    Tolstoi e a anti-pedagogia (uma proposta de educação libertária) em http://www.revistas.usp.br/

    Grandes entrevistas - Leon Tolstoi em Tiro de letra


    Baixar livros gratuitamente no site Universia:

    Anna Karenina

    Guerra e Paz 

    Ressurreição




    domingo, 29 de novembro de 2015

    Signatura - Palavra expressa




    Assinaturas imperfeitas
    significações raras
    traços reveladores
    das próprias falhas

    Rubricas esperadas
    término de ciclos
    aprovação final
    do contrato de risco

    Pressão usada
    coloração da tinta
    espessura das linhas
    forma da escrita

    Texto conciso
    letra ilegível
    vida e assinatura
    convergindo-se

    Joakim Antonio


    Publicado originalmente na coluna Palavra expressa, no site Retratos da alma.


    Imagem: Aula de técnicas fotográficas - Light Painting by JoaKim

    terça-feira, 17 de novembro de 2015

    Na curva da estrada – Palavra expressa


    Na curva da estrada
    há um segredo
    para saber tudo
    sobre todos

    Na curva da estrada
    há um rio
    há disputas
    há o nada

    Há um ser de fogo
    pés alados
    cor de barro
    asas abertas
    e desperto

    Há um ser poderoso
    um anjo
    um demônio
    uma deusa
    um ateu

    Na curva da estrada
    há um homem
    um garoto
    um poeta

    Há uma rainha
    uma princesa
    um louco
    um mendigo
    um espírito

    Há verdades apontadas
    em forma de
    palavras
    gestos
    olhares

    Na curva da estrada
    há escondido
    o silêncio que surge
    nas gotas sob vidro espesso

    Na curva da estrada
    há um lindo
    e brilhante
    espelho


    Joakim Antonio


    Publicado originalmente na coluna Palavra Expressa, em Retratos da Alma.


    Imagem: Escultura C–Curve de ANISH KAPOOR

    quinta-feira, 12 de novembro de 2015

    O Anjo Torto - Descortinando Torquato Neto (poeta)


    O Poeta desafia conceitos, entorta as regras, fala de amor com a bravura da guerra e gostaria de parar guerras com uma flor. Cada palavra que não sai de sua boca, cada verso impedido de adornar o papel, vira angustia e consome-o, torna-o mais inferno que céu. Ele explode em sílabas tônicas e conjuga verdades improferíveis, por aqueles que deveriam ser os primeiros a dizê-las. É preciso compreendê-lo, mas não desculpá-lo, pois nenhum deles, do mais amável ao intolerável, declamou um poema sequer que se arrependesse.

    Joakim Antonio

    Pessoal intransferível, Torquato Neto.
    “Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada nos bolsos e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.
    Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, "herdeiro" da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.
    E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão (Publicado na Coluna Geleia Geral de 14/09/ 1971).”

    Torquato Pereira de Araújo Neto (Teresina, 9 de novembro de 1944 — Rio de Janeiro, 10 de novembro de 1972) foi um poeta, jornalista, letrista de música popular, experimentador da contracultura brasileira.

    Torquato envolveu-se ativamente na cena cultural soteropolitana, onde conheceu, além de Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. Em 1962, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar jornalismo na universidade, mas nunca chegou a se formar. Trabalhou para diversos veículos da imprensa carioca, com colunas sobre cultura no Correio da Manhã, Jornal dos Sports e Última Hora. Torquato atuava como um agente cultural e polemista defensor das manifestações artísticas de vanguarda, como a Tropicália, o Cinema Marginal e a Poesia Concreta, circulando no meio cultural efervescente da época, ao lado de amigos como os poetas Décio Pignatari, Augusto e Haroldo de Campos, o cineasta Ivan Cardoso e o artista plástico Hélio Oiticica. Nesta época, Torquato passou a ser visto como um dos participantes do Tropicalismo, tendo escrito o breviário "Tropicalismo para principiantes", onde defendeu a necessidade de criar um "pop" genuinamente brasileiro: "Assumir completamente tudo que a vida dos trópicos pode dar, sem preconceitos de ordem estética, sem cogitar de cafonice ou mau gosto, apenas vivendo a tropicalidade e o novo universo que ela encerra, ainda desconhecido". Torquato também foi um importante letrista de canções icônicas do movimento tropicalista. O cineasta Ivan Cardoso produziu o documentário Torquato Neto, o Anjo Torto da Tropicália. Os Titãs musicaram seu poema Go Back, que deu nome ao disco da banda de 1988.

    Para mais visitem o excelente site TorQUaTo nEto = O AnJO tORtO contendo sua história, músicas, vídeos, noticias, publicações e a prosa e verso de Torquato Neto.

    TODA PALAVRA GUARDA UMA CILADA: TORQUATO NETO ENTRE A VERTIGEM E A VIAGEM - Texto que propõe uma apropriação e uma revisão histórica dos textos torquateanos, de modo que eles possam expressar as condições de existir para parte da juventude brasileira nos anos sessenta. Fênix - Revista de história e assuntos culturais.

    Letras de músicas: Letras Terra Torquato Neto

    sábado, 7 de novembro de 2015

    Conversa estreita - Descortinando Cecília Meireles (poeta)



    Ela não soube, ou até soube e eu que não sei, as conversas estreitas que poderíamos ter.

    Iríamos jogar conversas fora e depois recolhê-las do ar, condensá-las em textos maravilhosos de aprendizados raros, e mesmo tentado a escrever diálogos, eu apenas narraria a beleza de beber dessa poesia que flui desse mar chamado Cecília.

    Talvez discutiríamos sobre espaço-tempo, de como disputas tolas são vencidas por ele e as palavras certas passam através, então falaríamos um pouco de solidão, da autoimposta e da não esperada, do esquecimento pela ausência e de como a encontro bem menos do que ela merece.

    Por fim, pediria conselhos de escrita da educadora, dicas de mãe da escritora e mostraria, com intenção de receber mais críticas que elogios, textos recheados de sonhos e destinados às novas e velhas crianças.

    Agora fecho o livro e penso, com certeza ela soube.


    Joakim Antonio

    Motivo (Cecília Meireles)

    Eu canto porque o instante existe
    e a minha vida está completa.
    Não sou alegre nem triste:
    sou poeta.

    Irmão das coisas fugidias,
    não sinto gozo nem tormento.
    Atravesso noites e dias
    no vento.

    Se desmorono ou edifico,
    se permaneço ou me desfaço,
    - não sei, não sei. Não sei se fico
    ou passo.

    Sei que canto. E a canção é tudo.
    Tem sangue eterno e asa ritmada.
    E sei que um dia estarei mudo:
    - mais nada



    Cecília Benevides de Carvalho Meireles (Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964) foi uma poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. É considerada uma das vozes líricas mais importantes das literaturas de língua portuguesa.

    Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:

    "Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea."

    © Projeto Releituras Visite e conheça mais de Cecília Meireles. 

    quinta-feira, 5 de novembro de 2015

    Concursos Literários do Mês de Novembro de 2015




    Concursos Literários do Mês de Novembro de 2015 


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    segunda-feira, 2 de novembro de 2015

    Morte viva



    Não existe 

    nada

    mais vivo que a 

    Morte

    a mais fiel das consortes

    pontualíssima

    nunca deixa de comparecer


    Joakim Antonio



    Imagem: La Catrina iv by nickchao

    terça-feira, 6 de outubro de 2015

    Direcionante



    Aperto o passo

    garoa letras
    finas

    feito gilete


    Procuro o conhecido

    doa confeitos
    finos

    feito metralhadora


    Abraço o ignorante

    entoa cânticos
    toscos

    feito sábio


    Joakim Antonio


    Imagem: Opposing forces by Markus43

    sábado, 3 de outubro de 2015

    Maldita internet



    Antes, as pessoas trabalhavam a semana toda e não viam a hora de chegar o fim de semana para ver os amigos, quando dava e mais no domingo, porque sábado era pra limpar a casa.

    Agora, as pessoas trabalham a semana toda e não veem a hora de chegar o fim de semana para ver os amigos, quando dá e mais no domingo, porque sábado é pra limpar a casa.

    Mas elas ficam a semana toda falando, que por causa da internet, as pessoas não se veem mais.

    Maldita internet viu!


    Joakim Antonio


    Imagem: The Internet. by Paperairplane

    quinta-feira, 1 de outubro de 2015

    Concursos Literários do Mês de Outubro de 2015




    Concursos Literários do Mês de Outubro de 2015 

    Confira também a lista completa dos Concursos do Ano e a lista das Seleções Permanentes.

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    Legenda:
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    Lista dos concursos em aberto - Outubro


    - 01.10.2015 - Concurso de Contos do Ateneu de Coimbra e SPRC (Contos)

    - 01.10.2015 - Edital - Prêmio Literário Dalcídio Jurandir (Livros Inéditos - $)

    - 05.10.2015 - Chamada para Publicação - Sementes Líricas (Livros Inéditos - Poesias)

    - 09.10.2015 - 12º Concurso Poemas no Ônibus de Gravataí - RS

    - 09.10.2015 - 10º Concurso de Narrativas de Morro Reuter (@)

    - 10.10.2015 - Prêmio Literário Pescaria (Poesia, Conto e Crônica - @)

    - 15.10.2015 - Chamada para Publicação - "A Branca" (@)

    - 15.10.2015 - 8º Concurso de Haicai Masuda Goga

    - 15.10.2105 - 33º Concurso Literário Yoshio Takemoto (Haicai, Poesia e Conto - $)

    - 18.10.2015 - Concurso de Minicontos “Jovens escritores, grandes histórias”(@)

    - 20.10.2015 - 11º Concurso "Poetizar o Mundo" (Poemas - @)

    - 25.10.2015 - XXVI Concurso de Poesia da ALAP

    - 30.10.2015 - Prêmio Maraã de Poesia Brasileira (Livros Inéditos - Poesia)

    - 31.10.2015 - X Concurso Contos do Tijuco - Valnice Pereira ($)

    - 31.10.2015 - Editais da Prefeitura de Ponta Grossa ($)

    - 31.10.2015 - Concurso de Contos "O Futuro em Nossas Mãos"(Estudantes)

    - 31.10.2015 - 4º Prêmio SFX de Literatura (Contos e Poemas)

    - 31.10.2015 - VII Concurso Literário "Cidade de Maringá" (Trovas, Poemas e Crônicas)

    - 31.10.2015 - 57º Premio Literario Casa de las Américas ($)

    - 31.10.2015 - 14º Prêmio Literário Livraria Asabeça (Livros Inéditos - Poesias)

      segunda-feira, 28 de setembro de 2015

      Rhyme and Poetry - Descortinando Tupac Shakur (poeta)

      Me dê forças senhor, eu tenho um plano.

      Dizem que estou vivo
      dizem que estou morto
      alguns gostariam
      que eu já viesse natimorto
      Outros desejavam
      que eu nem existisse
      fosse mudo, cego, surdo
      as diversas sandices
      Dos senhores desse mundo
      pessoas normais
      em suas vidas banais
      gastando mundo e fundos
      em objetos pessoais
      Pouco se lixando
      para fora dos quintais
      independente da cor
      não importando a raça
      Porque quando fica rico
      vem a grande trapaça
      outra classe, outra cara
      uma nova humanidade
      muitos sorrisos plásticos
      e toda falsidade
      Mãos verdes estendidas
      para mãos coloridas
      com ouro, pedra e jóias
      vindas das pobres marmitas
      dos trabalhadores braçais
      poucas vezes lembrados
      vindas do trabalho suado
      daquele maltrapilho
      sujeito de unhas sujas
      consertando objetos
      deles e dos filhos

      Foi assim, sempre será?
      serras peladas vendendo
      seu corpo na estrada

      Foi assim, sempre será?
      escravos da moda
      pela mídia indicada

      Vivo eu não estou
      morto não serei
      meu nome é 2pac
      e eu ainda sou

      Joakim Antonio



      (Poem) IN THE EVEN OF MY DEMISETupac Shakur
      In the event of my Demise
      when my heart can beat no more
      I Hope I Die For A Principle
      or A Belief that
      I had Lived 4
      I will die Before
      My Time Because
      I feel the shadow's Depth
      so much I wanted 2 accomplish
      before I reached my Death
      I have come 2 grips with the possibility
      and wiped the last tear from My eyes
      I Loved All who were Positive
      In the event of my Demise

      Tradução: 

      No caso de eu morrer quando meu coração não mais bater
      Espero ter morrido por um princípio
      Ou por algo que eu tenha dedicado minha vida
      Eu irei morrer antes da minha hora
      Porque sinto a sombra da morte perto de mim
      Tantas coisas que eu gostaria de ter feito
      Antes de te chegado a minha morte
      E achei que teria essa possibilidade
      E limpei a última lágrima dos meus olhos
      Eu amei todos que foram positivos
      No caso de eu morrer


      Tupac Amaru Shakur (Nova Iorque, 16 de junho de 1971 - Las Vegas, 13 de setembro de 1996), mais conhecido pelos seus nomes artísticos 2Pac, Makaveli ou apenas Pac, foi um rapper estadunidense. Críticos e membros da indústria fonográfica o nomeiam como o maior Rapper de todos os tempos. Em 2010, ele já havia vendido pelo menos 75 milhões de cópias pelo mundo. Além de ser músico, Tupac também foi ator e ativista social. A maioria das suas canções trata sobre como crescer no meio da violência e da miséria nos guetos, o racismo, os problemas da sociedade e os conflitos com os outros rappers. O trabalho de Shakur é conhecido por defender a igualdade política, econômica, social e racial. Antes de entrar para a carreira artística, ele foi poeta e era um roadie e dançarino de hip hop alternativo.

      Poesia

      O poema do post, faz parte do livro "The Rose that grew from concrete". O livro contém 71 poemas escritos por Tupac, que começou a escrevê-los com dezoito anos de idade.
      Com doze anos de idade, Shakur se matriculou na 127th Street Repertory Ensemble do Harlem, um grupo de teatro, e foi escolhido como o personagem Travis Younger na peça A Raising in the Sun, que foi performada no Apollo Theater. Em 1986, sua família se muda para Baltimore, Maryland. Depois de completar seu segundo ano na Paul Laurence Dunbar High School, ele foi transferido para a Baltimore School for the Arts, onde ele estudou atuação, poesia, jazz e balé. Ele atuou em algumas peças de Shakespeare e também atuou como o Rei das Ratazanas em o Quebra-Nozes.

      Shakur, acompanhado de seu amigo Dana "Mouse" Smith, seu beatboxer, ganhou na maioria das competições de rap em que participou e era considerado o melhor rapper da escola. Ele também foi lembrado como uma das crianças mais populares da escola devido ao seu senso de humor, habilidades de rap superiores, e capacidade de se misturar com todas as turmas. Pac também desenvolveu uma forte amizade com uma jovem Jada Pinkett (mais tarde Jada Pinkett Smith, após se casar com Will Smith), que durou até sua morte. Um poema escrito por 2Pac intitulado "Jada" apareceu em seu livro The Rose That Grew From Concrete, que incluia outro poema dedicado a ela chamado "The Tears in Cupid's Eyes".

      Em Junho de 1988, Tupac e sua família se mudaram mais uma vez, dessa vez para Marin City, na Bay Area da California, onde ele estudou na Tamalpais High School. Ele começou a frequentar as aulas de poesia de Leila Steinberg em 1989, que acabou se tornando sua mentora e empresária. Naquele mesmo ano, Steinberg organizou um concerto com uma ex-banda de Shakur, Strictly Dope; aquele show o levou a assinar um contrato com Atron Gregory que o colocou como roadie e dançarino do grupo de rap Digital Underground. Enquanto morando em Marin City, Tupac se envolveu com tráfico de drogas e devido a discussões com sua mãe, acabou saindo de casa e ficando sem teto por algum tempo, indo morar frequentemente na casa de amigos e de seu irmão Mopreme em Oakland.

      Em 2004 foi lançado o livro, Inside A Thug’s Heart, que compila cartas e poemas escritos por Tupac Shakur (1971-1996) durante o período em que o rapper esteve detido em Rikers Island (EUA), em 1995, após ser julgado culpado em caso de agressão sexual. As correspondências eram trocadas com a atriz, modelo e roteirista Angela Ardis, que assina o texto do livro.

      Curiosidades

      Tupac gostava de vários artistas na músicas, incluindo Eric Clapton, Tracy Chapman, Jimi Hendrix e Muddy Waters. Ele costumava chamar Tracy Champan de uma "Verdadeira Poetisa".

      Uma das peças musicais favorita de Tupac era Les Miserables. Ele foi ver uma vez essa peça com sua então namorada Keisha Morris.

      Tupac tem um letra de rap na parede da livraria Enoch Pratt Free em Baltimore. Ela fica ao lado de uma poesia de Edgar Allan Poe.

      O poema de Tupac "Nothing can come between us," foi escrito para seu amigo John Cole, o qual Tupac chamava de "White Boy John".

      Tupac está no Guinness Book como o rapper mais bem sucedido da história.

      Fontes: 2pac.comWikipédia2pac Brasil


      quinta-feira, 24 de setembro de 2015

      Criado



      Meu Pai teve uma ideia
      não to fazendo nada
      to entediado
      e quer saber
      aqui tá muito escuro
      faça-se a luz
      então se a luz se fez
      somos todos luz
      concorda
      não
      problema seu
      só porquê alguém quer 1 e 1 não são 3
      será? tenho minhas dúvidas
      é? quais
      se eu te contar não serão mais só minhas
      é que eu sou meio egoísta sabe


      Imagem: The Criation by Agnishad

      terça-feira, 22 de setembro de 2015

      Colos



      EU QUERO 

      Quero o seu sorriso
      preciso

      Quero além de amante
      ombro amigo

      Quando eu virar criança
      fitando teus olhos
      quero muito
      colo

      E ao olhar de novo
      protegido

      Aninhado e me sentindo
      um menino

      Sentir um novo sopro
      vindo de você
      me fazendo
      crescer

      Ser o seu homem
      abrigo

      Salvaguardá-la  de todo mal
      dos perigos

      Ser seu cavaleiro andante
      envolvê-la nessa hora
      meus braços
      agora

      NINAR VOCÊ 

      Joakim Antonio



      Publicado originalmente em, Manufatura - Literatura feita de maneira artesanal.


      Imagem: Lullaby by Zucch3rino

      sexta-feira, 18 de setembro de 2015

      Para tudo



      Para tudo

      renego o negro
      em estado de luto

      entro numa espiral
      de negra luz

      negro is beautiful

      destituo o negro
      do atrelo a negação

      atrelada a negro tom
      vozes ganham novo brilho

      negro é bonito

      aparto o negro
      do bloqueio da visão

      céu nublado me cega
      negro me guiam estrelas

      negro é beleza

      Para tudo


      Joakim Antonio


      "Incrível mesmo é você saber que a sensibilidade, a mobilização da media mundial tem um padrão racial, Senegaleses estão morrendo na costa do Mediterrâneo, estão sendo sepultado no fundo dos mares, seus cadáveres são deixados para ser decompostos pelos sol e devorados pelas condições climáticas existentes, no entanto precisávamos ser brancos, ter a cor de Aylan Kurdin para que a morte fosse testemunhada pela media internacional e todo mundo se comovesse...no entanto a carne negra é barata demais para tal, se a média internacional oferecer padrão de sensibilidade pluri-racial para as tragédias humanas logo teriam de justificar todas as atrocidades cometidas sobre pessoas negras, o descaso faz parte de um plano, é necessário a carne e a vida negra continuarem baratas para que a opressão, as guerras e as invasões, tenham justificação aos olhos do imperialismo contemporâneo."

      Isidro Fortunato

      Imagem: Corpos de imigrantes ilegais na costa do al- Qarbole, cerca de 60 quilômetros a leste de Trípoli, em 25 de agosto de 2014, após um barco que transportava 200 imigrantes ilegais da África Subsaariana afundou na capital Líbia dois dias antes. AFP PHOTO / MAHMUD TURKIA

      segunda-feira, 14 de setembro de 2015

      Imperfeição



      Busco a imperfeição do verso
      o errado nunca o certo
      o choque das palavras

      ao tocar a água

      Pequenas ondas
      em crescendo
      tsunami

      destruidoras de ideias

      Que no refluxo
      levam embora
      cascas mortas

      de palavras escritas

      Então maculo o papel
      que em branco
      gritaria muito mais

      Joakim Antonio


      Arte: JoaKim
      Imagem original: Courage of Samurai by Artgerm

      sexta-feira, 11 de setembro de 2015

      Mundo mágico - Palavra Expressa



      Destrave a mágica
      Entenda as misturas
      De cores, de amores

      Dilua as fórmulas
      Crie novas canções
      De amizade e paz

      Dispare olhares
      Fabrique sorrisos
      Desobstrua o coração

      Abrace com vontade
      Dance sem medo
      Seja livre e feliz

      Abra a fechadura
      Aceite a mágica
      Aprenda a perceber

      Refaça os planos
      Relembre o básico
      Redescubra o simples

      Esqueça passado e futuro 
      Agradeça o presente
      Sorria por estar aqui


      Quando criança, eu acreditava que algumas pessoas podiam fazer mágica. 
      Ao crescer, descobri que era verdade, elas sabiam materializar sorrisos.

      Joakim Antonio


      Imagem: Unlock The Magic by Lennuk

      quinta-feira, 10 de setembro de 2015

      Um minuto de silêncio - A noite dos poetas assassinados



      Quando um poeta morre, a natureza cala-se.


      Joakim Antonio


            A noite dos poetas assassinados


      © Jane Bichmacher de Glasman*

            O ano é 1952, último ano da vida de Stalin. O lugar, Rússia, União Soviética. O dia, 12 de agosto. Mais especificamente, a noite de 12 para 13 de agosto de 1952.
            Nesta data, cerca de 15 judeus soviéticos, incluindo os mais proeminentes escritores, poetas, e artistas judeus russos de língua ídishe foram secretamente julgados e condenados por crimes capitais, incluindo traição, espionagem e nacionalismo burguês.
            Eles eram visados devido à sua participação no Comitê Anti-Fascista Judaico e à sua resposta como judeus às atrocidades nazistas no território soviético ocupado.
            Nesta noite eles foram executados por ordem de Josef Stalin, no calabouço da infame prisão da praça Lubyanka em Moscou.
            Entre as vítimas estavam Peretz Markish, David Bergelson, Itzik Fefer, Leib Kvitko, David Hofstein, Benjamin Zuskin, Solomon Lozovsky, Boris Shimeliovich Dovid Bergelson e Der Nister.
            A data é lembrada como a “noite dos poetas assassinados.”

      Itzik Fefer, Albert Einstein e Solomon Mikhoels, em 1943

            Seus escritos mostram pouco da nostalgia ou devoção que vemos nas descrições da cultura ídishe[1] o pré-Holocausto. Todos eles - os poetas Peretz Markish, Dovid Hofshteyn, Itzik Fefer, Leyb Kvitko e o novelista Dovid Bergelson - assistiram a Revolução soviética em 1917. A maioria havia se mudado do shtetl[2], das aldeias da Pale[3], para Kiev e Moscou, em busca de liberdade intelectual e artística no fervor do modernismo do princípio do século XX. Todos apoiaram o estado comunista emergente.

      Ouvimos sua vibração na abertura do poema[4] sem título de Markish:

      Eu não sei se eu estou em casa
      ou desabrigado.
      Estou correndo, minha camisa
      sem botões, sem limites, ninguém
      me segura, sem começo,
      sem fim
      meu corpo é espuma
      cheiro de vento
      Agora 
      é meu nome.

      Seu sentido do futuro ecoa na estrofe do poema “Cidade” de Hofshteyn:

      Cidade!
      Eu cheguei em teu porto
      no navio de minha solidão.
      O navio de minha solidão…
      Eu lavei suas velas
      nos ventos…
      Elas definharam e rasgaram
      nos comprimentos e nas larguras
      do mundo.

            Eram férteis escritores. Após anos no exterior, em Berlim e na Palestina, de 1923 a 1926, Hofshteyn retornou à União Soviética e publicou numerosos volumes de poesia e traduções. Markish fundou o movimento ídishe modernista conhecido como Khaliastre durante seus anos em Varsóvia. Após seu retorno à Rússia, foi-lhe concedido o Prêmio Lênin de Literatura em 1939. Fefer editou os jornais ídishes Prolit e Desafio e tornou-se membro da União de Escritores Soviéticos. Em 1943, viajou aos Estados Unidos com o ator Solomon Mikhoels atraindo audiências maciças em Nova York em apoio ao trabalho da liga Anti-Fascista.

      Por que eles foram assassinados?

            Todos estavam relacionados ao Comitê Anti-Fascista Judaico, estabelecido em 1942 pela União Soviética para atrair o apoio das comunidades judaicas dos Países Aliados na guerra contra Hitler. Com o fim da guerra, a organização já não era mais útil a seus propósitos. Stalin, como soía fazer, virou-se contra seus líderes. Prendeu a maioria entre 1948 e 1949, levou a julgamento em 1952 – culminando com sua execução na noite de 12 de agosto no porão da prisão Lubyanka.
            As mortes destas figuras centrais na literatura ídishe soviética representaram novo golpe à cultura judaica já devastada pelo Holocausto. Silenciaram o núcleo remanescente de intelectuais ativos politicamente e excluíram presumir que tal cultura pudesse sobreviver na Rússia pós-guerra.
            É difícil para alguns de nós recordar agora o otimismo inicial inspirado pela revolução soviética. Tendemos a ter pouca simpatia pelos escritores que compuseram cantos para os trabalhadores ou para Stalin, como vários destes homens.
            Mas com isto nós nos esquecemos de nossas próprias vidas: como nos comprometemos para ganhar a vida; como um ano se transforma 5, em 10; como permanecemos em um trabalho ou em um relacionamento demasiado longo, sem esperança, ou porque nós amamos.
            Esquecemos também das difíceis opções dos artistas judeus daquela época, já estranhos às suas tradições, que não obstante criaram um lar, tentando realizar em alguma medida sua esperança. E esquecemos da ruína gradual mas catastrófica forjada por Stalin.

      Uma voz mais pungente para o que foi perdido pode ser ouvida no clamor de Hofshteyn:

      Meu amor, meu amor puro!
      uma chamada a que sempre atentei
      muda, carreguei-a
      mil dias:
      acima da cabeça cinzenta de meu povo,
      para ser
      um brilho jovem!

      Brilho desperdiçado: interrompido, silenciado e recordado como o que se torna tão distante...
      Honremos sua memória com alguns versos destes poetas.

      Como seu fim, profética e tragicamente anunciado por Kvitko, em 1919, em “Morte Russa”:

      Morte russa

      é toda a morte.
      Dor russa
      é toda a dor.
      Como está agora o coração do mundo?
      E a sua ferida purulenta?
      Pergunta a uma criança.
      Pergunta a uma criança judia.

      Publicado em Visão Judaica Ed. 62, outubro de 2007. (PDF)

      * Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica -USP, Professora Adjunta, Fundadora e ex-Diretora do Programa de Estudos Judaicos –UERJ, escritora.

      [1] Ídishe- idioma judaico originado do alemão grafado em caracteres e com muitos vocábulos hebraicos.

      [2] Shtetl (do ídishe: cidadezinha) é o nome ídishe das cidades judaicas na Europa oriental (Polônia, Rússia, Belarus 
      etc.). 
      [3] Sob o governo czarista, os judeus não tinham permissão para viver fora do Território de Assentamento (Pale), uma região da Rússia, onde, até 1907, massacres eram uma ocorrência comum. 
      [4] Os poemas foram traduzidos pela autora deste artigo. Para ler mais deles e sobre eles contate a mesma. 


      Para saber mais:

      Português

      • Judeus na União Soviética (1917-1991) em Cybersio

      English

      • Night of the Murdered Poets, with more links in Wikipedia


      Imagens:

      1. Silence by fokkusunm
      2. Itsik Fefer and Shlomo Mikhoels meet with Albert Einstein. Princeton, 1943. (YIVO Archives)

      quarta-feira, 9 de setembro de 2015

      Escrevendo paz - Descortinando Leon Tolstoi (escritor)


      Somos formados de pedaços belos e feios, doces e amargos, convivendo entre si. Não só podemos, como devemos escrever sobre tudo, verdades, absurdos, sobre nada. Mas não há razão verdadeira para que mesmo que só escrevamos, armas, não possamos fazê-las disparar tiros de paz. Podemos até sentir complicada tristeza, mas o mesmo que sente sabe o que deseja, para mudar.

      Experimente, mesmo que por economia, deixar de escrever por um momento, guerra; para escrever simplesmente, PAZ!

      Joakim Antonio



      "Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar a sí mesmo." Leon Tolstoi - Pamphlets - translated from the Russian - página 71, Free Age Press, 1900




      Leon Nikolaievitch Tolstoi (9 de setembro de 1828 - 20 de novembro de 1910). Foi um novelista, anarcopacifista e pensador moral, notável por suas idéias de resistência através da não violência. É considerado um dos maiores escritores de todos os tempos.

      Além de sua fama como escritor, Tolstoi ficou famoso por tornar-se, na velhice, um pacifista, cujos textos e ideias batiam de frente com as igrejas e governos, pregando uma vida simples e em proximidade à natureza.

      Junto a Fiódor Dostoiévski, Gorki e Tchecov, Tolstói foi um dos grandes mestres da literatura russa do século XIX. Suas obras mais famosas são Guerra e Paz, sobre as campanhas de Napoleão na Rússia, e Anna Karenina, onde denuncia o ambiente hipócrita da época e realiza um dos retratos femininos mais profundos e sugestivos da Literatura.

      Morreu aos 82 anos, de pneumonia, durante uma fuga de sua casa, buscando viver uma vida simples.

      Pacifismo

      Tolstoi ficou famoso por ser um pacifista. Nas palavras de Mahatma Gandhi, com quem Tolstói trocou correspondência, o escritor foi o maior "apóstolo da não-violência". No livro "O Reino de Deus está em vós", Tolstoi baseia-se no Sermão da Montanha para afirmar que não se deve resistir ao mal utilizando-se do próprio mal.

      No mesmo livro, continuando seu raciocínio pacifista, o escritor afirma ser contrário ao serviço militar obrigatório (e ao militarismo como um todo). Ele também defende e exalta povos como os Quakers, que buscam a simplicidade, a autonomia e não utilizam de violência. Fonte: Wikipédia


      Para saber mais:


      Tolstoi e a anti-pedagogia (uma proposta de educação libertária) em http://www.revistas.usp.br/

      Grandes entrevistas - Leon Tolstoi em Tiro de letra


      Baixar livros gratuitamente no site Universia:

      Anna Karenina

      Guerra e Paz 

      Ressurreição



      Imagem: Peace by subdoom

      terça-feira, 8 de setembro de 2015

      Silêncio impreciso - Descortinando Camillo de Jesus Lima (poeta)



      Então me tranco num escuro profundo
      não do quarto, nem do mundo, tampouco do inteiro breu
      mas da visão turva, crivada de zunidos
      de balas achadas, gritos perdidos e esperança minada
      que tolhem a própria imaginação do ser

      Nesse quase somente eu
      escuto a mente de todos nós
      atados pelo estado, inercial e letárgico
      imposto pelas pílulas adocicadas e diluídas
      em gás do riso, alheio, ao nosso querer

      Então, mudo, desabafo pelos olhos
      numa busca incerta de imagens
      para todos os sons presentes
      no silêncio impreciso
      do começar a escrever

      Joakim Antonio


      O Poeta Escrevendo

      Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.
      De que serve trancar a porta?
      De que serve botar as mãos no ouvido?
      De que serve fazer papel de surdo que não quer ouvir?
      Gritos de homens na rua entram, apesar de tudo,
      Uivos de seviciados entram, apesar de tudo.
      Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.

      Os eunucos estão fazendo flores nas torres de marfim,
      Mas eu estou é no meio do mundo.

      O rumor das ruas confunde-se ao ritmo do teclado da máquina.
      Metralhadoras escrevem poemas no teclado da máquina.
      Cavalos estão batendo patas no teclado da máquina.
      Gente lutando,
      Suando,
      Amando, nas cinco partes do mundo.

      Quem pode escrever poemas de solidão,
      Se portas trancadas nada valem,
      Se mãos nos ouvidos nada valem,
      Se, fazer o papel do surdo que não quer ouvir, nada vale,
      Se os olhos dos moribundos ficam, no alto, iluminando as páginas,
      Se mãos alvas vem acender o cigarro, devagarinho,
      Se o rumor da rua vem fazer coro ao ritmo do teclado da máquina?
      Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.

      Camillo de Jesus Lima


      Camillo em 1937

      Camillo de Jesus Lima (Caetité, 8 de setembro de 1912 — Itapetinga, 28 de fevereiro de 1975) foi um poeta brasileiro.

      Como ocorria a todos os estudantes daqueles tempos, Camillo simpatiza com as idéias comunistas. Qual seu tio-avô Plínio de Lima, que abraçara a causa da igualdade entre os homens com o abolicionismo, Camillo defende uma sociedade mais justa, e irá pagar alto preço por isto.
      Tornando-se tabelião ("oficial de registro de imóveis e hipotecas"), mora em Vitória da Conquista, Macarani e Itapetinga. Talentoso, desdobra-se em jornalista, escritor, professor, deixando extensa obra literária, do romance ao conto, mas é na poesia que se consagra, já em 1942, com o livro Poemas, recebedor do Prêmio Raul de Leoni da Academia Carioca de Letras (edição de "O Combate", que publicou quatro de seus livros).

      Também publicou: As Trevas da Noite Estão Passando ("O Combate", em colaboração com Laudionor Brasil, poemas, 1941); Viola Quebrada ("O Combate", poesia, 1945); Novos Poemas ("O Combate", id., ib.); Cantigas da Tarde Nevoenta ("Edição de Artes Gráficas - Salvador", poesia); Memórias do Professor Mamede Campos (romance); A Mão Nevada e Fria da Saudade ("Edições MAR", poesia), A Bruxa do Fogão Encerado (contos); Vícios (contos); Bonecos (Perfis); O Livro de Miriam (Poesia, 1973, impresso na gráfica de "O Jornal de Conquista" para "edições MAR"); Cancioneiro do Vira-mundo (Poesia), e outros tantos escritos, publicados em todo o país, muitos ainda inéditos.

      Mesmo longe dos centros culturais do país, Camillo fervilha com a pena na mão. Sua poesia plena de lirismo cativa, e tem em Vitória da Conquista, num tempo onde surgem Glauber Rocha, Elomar e outros, um meio artístico incomum, que, por produzir pensamentos, provocou reação junto àqueles para quem o pensar e a palavra eram armas perigosas, a ser combatidas… Wiki


      Para saber mais:

      • Poeta Camillo: Excelente blog sobre o poeta Camillo de Jesus Lima, organizado por seu filho Luiz Carlos de Jesus Lima, com poemas, depoimentos, vídeos, homenagens, frases, documentos, fotos e artigos de jornais e revistas.
      • #100Camillo: O poeta proletário, homenagem, de 2012, ao centenário do poeta em Conversa de Balcão
      • Vídeo: Viola Quebrada. Uma poesia de Camillo de Jesus Lima em Youtube.com







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