segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Símbolo




ponta dos dedos 
pele eriçada
olhos brilhantes
atração fatal
massagem no ouvido
voz gutural
o todo enlaçado
pecados ilícitos
os corpos se movem
moto-contínuo
pernas e braços
encaixes perfeitos
num símbolo
infinito




Joakim Antonio






Photo by Alla Vereshchagina - Alafoto

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Soma



ela na frente (na beleza) / ele no fundo (do olhar)
ela na frente (no desejo) / ele no fundo (da alma)
ela convite / ele aceite
ela movendo / ele sinônimo
ele subindo / ela antônimo
ela / ele 
el(e)la
os dois 


Joakim Antonio



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Banho de chuva - Retratos da Alma




Banho de chuva, coluna Palavra Expressa no site Retratos da Alma 


A chuva traz lembranças 
barcos de papel 
sonhos inimagináveis 
pés descalços 
sorriso de criança 
-
Na força d'água 
aguaceiro de histórias 
redemoinhos de amores 
enxurrada de olhares 
desejos da infância 
-
Doce na estiagem 
afasta d...




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Imagem: Rain by el-lozah

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Equilibrium




Tombo dum lado / tombo do outro
quando me aprumo / a vida empurra de novo
tropeço / nas aspirações do ser
caio na armadilha / de novos porquês
passo lentamente / sobre as pedras do rio
cobertas de limo / de um passado vil
piso em ovos / sem quebrar a casca
de palavras mudas / totalmente intactas
sem usar as muletas / do não é comigo
pé ante pé / aprendo andar de novo
equilíbrio fino / entre cordas bambas
sobre um mundo normal / totalmente vazio


Joakim Antonio



Imagem: Funambule by maxwelb

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Lacrimejante



Lágrimas não são doces
brotam salgadas
ferem
queimam a pele
ardem na alma
que em defesa
abre o peito
e retira um pouco
do que o faz chorar


Joakim Antonio




Imagem:  Cry from the heart by Veronart

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Voo programado



corpo / cor
voz / melodia
magnetismo / atração

fogo por inteiro

intenção / movimentos
boca / beijos
junção / entrelaçamentos

voo programado ao céu


Joakim Antonio



Photo by Yan McLine

domingo, 15 de setembro de 2013

O um



Sempre buscamos 
o primeiro beijo
um segundo olhar
o terceiro encontro
um quarto onde estar

Sempre esperamos
o quinto ato
um sexto sentido
o sétimo anjo
um oitavo abrigo

Sempre erramos
nove entre dez
tentando encontrar 
o um
que nos fará feliz


Joakim Antonio





Photo by Just Grant in alafoto.com

sábado, 14 de setembro de 2013

Ritmo acelerado




acelere 

o coração

siga o ritmo

deixa seu desejo

intensamente pulsar

permita que seu corpo

sinta o que é preciso

sendo levado ao paraíso

local quente e certo

onde ele quer estar


Joakim Antonio



Imagem: Heart Beat by Biig

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Erremos mais - Retratos da alma



Erremos mais, coluna Palavra Expressa no site Retratos da Alma 


Um dia, algum sábio disse que é errando que se aprende, mas ele se esqueceu de explicar que não é qualquer erro: aprendemos mais quando o cometemos tentando melhorar. Quando ele vem acompanhado de desculpas, constantemente, porque nos arrependemos do mal que causamos, pensando somente no nosso umbigo, poucas vezes é realmente percebido. Esse é o tipo que enclausura a pessoa dentro de si, vendo tudo contra, todos a favor de outrem, o mundo em guerra contra si. É verdade que muitos conseguem sair desse vício, deixando de criticar tudo que faz sombra maior que a sua, mas só quando percebe que o outro é espelho límpido, refletindo apenas o que vem de seu próprio âmago. Apenas mais um modo estranho da nat...




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Imagem: Smile by SpyKate

domingo, 8 de setembro de 2013

Silêncio impreciso - Descortinando Camillo de Jesus Lima (poeta)



Então me tranco num escuro profundo
não do quarto, nem do mundo, tampouco do inteiro breu
mas da visão turva, crivada de zunidos
de balas achadas, gritos perdidos e esperança minada
que tolhem a própria imaginação do ser

Nesse quase somente eu
escuto a mente de todos nós
atados pelo estado, inercial e letárgico
imposto pelas pílulas adocicadas e diluídas
em gás do riso, alheio, ao nosso querer

Então, mudo, desabafo pelos olhos
numa busca incerta de imagens
para todos os sons presentes
no silêncio impreciso
do começar a escrever

Joakim Antonio


O Poeta Escrevendo

Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.
De que serve trancar a porta?
De que serve botar as mãos no ouvido?
De que serve fazer papel de surdo que não quer ouvir?
Gritos de homens na rua entram, apesar de tudo,
Uivos de seviciados entram, apesar de tudo.
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.

Os eunucos estão fazendo flores nas torres de marfim,
Mas eu estou é no meio do mundo.

O rumor das ruas confunde-se ao ritmo do teclado da máquina.
Metralhadoras escrevem poemas no teclado da máquina.
Cavalos estão batendo patas no teclado da máquina.
Gente lutando,
Suando,
Amando, nas cinco partes do mundo.

Quem pode escrever poemas de solidão,
Se portas trancadas nada valem,
Se mãos nos ouvidos nada valem,
Se, fazer o papel do surdo que não quer ouvir, nada vale,
Se os olhos dos moribundos ficam, no alto, iluminando as páginas,
Se mãos alvas vem acender o cigarro, devagarinho,
Se o rumor da rua vem fazer coro ao ritmo do teclado da máquina?
Solidão uma conversa! eu estou é no meio do mundo.

Camillo de Jesus Lima


Camillo em 1937

Camillo de Jesus Lima (Caetité, 8 de setembro de 1912 — Itapetinga, 28 de fevereiro de 1975) foi um poeta brasileiro.

Como ocorria a todos os estudantes daqueles tempos, Camillo simpatiza com as idéias comunistas. Qual seu tio-avô Plínio de Lima, que abraçara a causa da igualdade entre os homens com o abolicionismo, Camillo defende uma sociedade mais justa, e irá pagar alto preço por isto.
Tornando-se tabelião ("oficial de registro de imóveis e hipotecas"), mora em Vitória da Conquista, Macarani e Itapetinga. Talentoso, desdobra-se em jornalista, escritor, professor, deixando extensa obra literária, do romance ao conto, mas é na poesia que se consagra, já em 1942, com o livro Poemas, recebedor do Prêmio Raul de Leoni da Academia Carioca de Letras (edição de "O Combate", que publicou quatro de seus livros).

Também publicou: As Trevas da Noite Estão Passando ("O Combate", em colaboração com Laudionor Brasil, poemas, 1941); Viola Quebrada ("O Combate", poesia, 1945); Novos Poemas ("O Combate", id., ib.); Cantigas da Tarde Nevoenta ("Edição de Artes Gráficas - Salvador", poesia); Memórias do Professor Mamede Campos (romance); A Mão Nevada e Fria da Saudade ("Edições MAR", poesia), A Bruxa do Fogão Encerado (contos); Vícios (contos); Bonecos (Perfis); O Livro de Miriam (Poesia, 1973, impresso na gráfica de "O Jornal de Conquista" para "edições MAR"); Cancioneiro do Vira-mundo (Poesia), e outros tantos escritos, publicados em todo o país, muitos ainda inéditos.

Mesmo longe dos centros culturais do país, Camillo fervilha com a pena na mão. Sua poesia plena de lirismo cativa, e tem em Vitória da Conquista, num tempo onde surgem Glauber Rocha, Elomar e outros, um meio artístico incomum, que, por produzir pensamentos, provocou reação junto àqueles para quem o pensar e a palavra eram armas perigosas, a ser combatidas… Wiki


Para saber mais:

  • Poeta Camillo: Excelente blog sobre o poeta Camillo de Jesus Lima, organizado por seu filho Luiz Carlos de Jesus Lima, com poemas, depoimentos, vídeos, homenagens, frases, documentos, fotos e artigos de jornais e revistas.
  • #100Camillo: O poeta proletário, homenagem, de 2012, ao centenário do poeta em Conversa de Balcão
  • Vídeo: Viola Quebrada. Uma poesia de Camillo de Jesus Lima em Youtube.com







sábado, 7 de setembro de 2013

A poesia cresce - Descortinando Pio Vargas (poeta)


ela traça o plano

aparece travestida de som, sentimento, toque, sem que ninguém a evoque, presente um milésimo de segundo antes de sequer pensarmos em tê-la, ou melhor, cortejá-la para que nos tome e sopre em nossos ouvidos, seus antigos e sedutores segredos, transformando o nada em tudo.

presente no primeiro gemido, no gozo, em gestos de irreverência, nas falas, música e letras de protesto, na batida calma do coração a meditar, nos dedos vibrantes na guitarra e na primeira fala ritmada, quando do nascimento de rappers, repentistas, artistas e demais filhos que ela adotar.

ela anda, corre, dança, fala, cala, canta, se esconde, se infiltra, se doa, suja, limpa, transparente, come, bebe, respira.

a poesia cresce!

Joakim Antonio


“considerações necessárias

é preciso tirar a poesia da clausura dos concursos, das gaiolas do acaso, do exílio das gavetas, trazê-la para o sabor do consumo rápido e fácil, envolvê-la de popularidade, sem o vulgarismo perigoso do que é descartável, mas também sem a absurda pretensão do que se quer eterno. 

poesia para fazer rir e refletir, evoluir e incomodar, propor e decompor. poesia para os botecos, para os gabinetes, para as praças, para os salões de festas, para os mocambos, para as favelas, estúdios, vídeo clipes e palanques.

poesia sem medo, poesia sem trauma, poesia-pão, poesia-sim, poesia-não. pois ia ousar um dia popularizar a poesia.

viva a poesia viva!”

Pio Vargas


Pio Vargas (Iporá, 7 de setembro, 1964 — Turvelândia, 8 de março de 1991) foi um poeta brasileiro, apontado por Paulo Leminski como um dos mais criativos poetas de sua geração:

Pio Vargas tem um ‘eu’ coletivo tão forte que chego a vê-lo muitos. De sua poesia consigo extrair a certeza do que digo, insistente: há uma geração recente que usa e abusa da modernidade, fazendo dela o principal elemento a interferir na criação. Este Pio Vargas me trouxe uma poesia fascinante que não se atrela a falsos modelos de invenção, mas flutua, inventiva, com os mais amplos e possíveis signos do fazer poético”.

A Biblioteca Estadual Pio Vargas, em Goiânia, foi assim denominada em sua homenagem.

Obras

Poesia
  • Janelas do espontâneo - GO, 1983.
  • Anatomia do gesto - GO, 1989.
  • Os novelos do acaso & o ofício de afagar efêmeros - GO, 1991.
  • Em 2010 foi lançada uma antologia, organizada por Carlos Willian Leite, com a poesia completa de Pio Vargas.

Para saber mais:


  • Pio Vargas: um beat no Olimpo em ueg.br




Imagens:

1. Capa do livro, Pio Vargas: Poesia Completa, organização de Carlos Willian Leite
2. Pio Vargas

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Concurso Literários do Mês de Setembro de 2013




Concursos Literários do Mês de Setembro de 2013



Confira também a lista completa dos Concursos do Ano e a lista das Seleções Permanentes.

As datas nos tópicos referem-se ao prazo limite para realizar a inscrição.


Legenda:
$ - Prêmio em dinheiro
@ - Inscrição pela internet
# - Voltado a público restrito


Setembro

06 a 16.09.2013 - Editais do ProAC (São Paulo - SP) (Criação Literária / Estímulo à leitura / Coleção de obras inéditas / Modernização de bibliotecas - $)

Informações:

a) Editais de Criação Literária / Estímulo à leitura / Coleção de obras inéditas / Modernização de bibliotecas
b) Voltados a residentes no estado de São Paulo há mais de dois anos

Premiação:

I) Recursos para execução de projetos culturais

Prazo: definido em cada um dos editais

- 06.09.2013 - 2º Concurso de Contos de Ituiutaba - "Águas do Tijuco"(Contos - $)

Informações:

a) Concurso de Contos

Premiação:

I) Prêmio em dinheiro

- 06.09.2013 - Concursos Literários da Casa de Cultura de Sobradinho - RS (Qualquer gênero)

Informações:
a) Concurso Nacional (gênero e tema livre)
b) Concurso Regional (contos - tema: memórias literárias)
c) Categorias: Infantil / Juvenil / Adulto


- 06.09.2013 - X Concurso de Poesias de Angra dos Reis (Poesias)

Informações:

a) Concurso de Poesias
b) Categorias: infantil / Juvenil / Adulto
c) Tema específico por categoria

Premiação:

I) Publicação em coletânea

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Câmara do sentir - Descortinando Waly Salomão (poeta)



Um poeta

Sente

Tempero brasileiro
bem e mau
tropicalientes

Sente

Entre prosas e nada
trovas gozadas
intermitentes

Sente

Num baú de conversas
sensações futurísticas
presentes

Sente

Realidade plena e desconexa  
originalidade concreta
consistentes

Sente

Um poeta


Joakim Antonio



Cresci sob um teto sossegado,
meu sonho era um pequenino sonho meu.
Na ciência dos cuidados fui treinado.

Agora, entre meu ser e o ser alheio
a linha de fronteira se rompeu.


Algaravias: câmara de ecos, Waly Salomão.
Rio de Janeiro. Rocco, 2007.





Há exatos 10 anos, um câncer no intestino levou o poeta baiano Waly Salomão. No dia 5 de maio de 2003, aos 59 anos, o artista morreu após passar alguns dias internado no Rio de Janeiro. Filho de uma baiana com um sírio, Waly teve forte ligação com o Tropicalismo, na década de 60, e era um dos grandes nomes da contracultura no Brasil. Em 1967 formou-se em direito pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), mas nunca exerceu a profissão. Cursou a Escola de Teatro da mesma instituição e estudou inglês na Universidade de Columbia, em Nova York, no início da década de 70.

Waly escreveu nove livros de prosa e poesia e era colaborador de vários jornais e revistas. Mais do que escritor, o artista foi um importante produtor cultural: produziu shows, organizou publicações e coletâneas. Foi letrista parceiro de cantores como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Itamar Assunção, Adriana Calcanhoto e Cássia Eller. Era um dos padrinhos do projeto social Afrorregae, que promove ações culturais em comunidades cariocas.

Por suas obras, recebeu diversos prêmios literários, entre eles o Jabuti e o Alphonsus Guimarães com o livro Algravias, lançado em 1996. Em 2003, foi secretário do Livro e da Leitura no Ministério da Cultura na gestão Gilberto Gil. Mas o maior reconhecimento vinha do próprio meio artístico - todos os pareceiros de trabalho de Waly o definem ainda hoje como um grande gênio da poesia. Em 2008, o documentário Pan-Cinema Permanente, do diretor Carlos Nader, sobre a vida e obra de Waly, venceu o Festival É Tudo Verdade. Assista ao trailler do filme e saiba mais sobre quem foi o poeta. Fonte: EBC


Para saber mais:


  • Página sobre o poeta Waly Salomão, em Wikipédia 
  • O pensamento quente de Waly Salomão, por Leonardo Lichotee em O Globo


Vídeos

  • Waly Salomão recita olhos de lince em Youtube
  • Caetano, Waly e Adriana, Rev.Literária. de Marcos Ribeiro em Youtube



Imagens

1. Documentário "Pan-Cinema Permanente"
2. Documentário "Pan-Cinema Permanente" Julio Covello/Divulgação

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