quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Primeiras Leituras




Meus livros de infância não pararam em casa, passaram para meus sobrinhos, mas a maioria, foi sendo emprestada mesmo, pois livro parado não cumpre seu papel mágico. Acontece que um deles se escondeu tão bem, que ficou. Aliás, ele continua escondendo-se, tanto é, que só o achei depois que já havia encontrado sua imagem na rede.

O rato do campo e o rato da cidade e mais duas histórias, faz parte da coleção beija-flor, com capa dura, lembrando madeira e ilustrações belíssimas. Lembro que adorava as lições contidas e além disso, minha mãe e irmãs, sempre davam mais exemplos para frisar bem o que as historinhas queriam passar.

Minha irmã, Helena, sempre foi uma grande incentivadora, lembro de algumas situações onde chegou até a ser roubada e mesmo assim, trazia meu livrinho tão esperado do fim de semana. Na época, a Enciclopédia Barsa era um luxo para poucos, não podíamos tê-la, mas tínhamos o que hoje chamaríamos de genérica que, se devia algo comparado a Barsa, nunca soube, pois o mundo inteiro ficava ao alcance de minhas mãos.

Haviam caixas e caixas de livros, pois não caberiam todos na estante, era o tempo da venda porta a porta, dívida feita no cartãozinho. Minha irmã passou anos comprando e eu devorando as palavras de todos esse livros. Agora me lembrei de algo engraçado, todos passavam na rua e me viam lendo, depois os mais velhos falavam para minha mãe, "Cuidado, esse menino está lendo demais, depois já viu.", se eu vi, até hoje não sei.

Analisando minhas primeiras leituras, vejo que fui criado no mundo das palavras, então quando dizia que entrei nele há alguns anos, estava mentindo, pois na verdade, eu retornei.

Joakim Antonio

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