Num mundo cego, poetas insistem em enxergar. E com suas bocas miúdas, gritam "cuidado", para todos. Mas como convencer quem não vê a xícara transbordar.
Num mundo duro, poetas dão socos em ponta de faca. E com suas mãos imperfeitas, sangram como escudo, para todos. Mas como convencer quem não vê o sangue jorrar.
Num mundo doente, poetas fazem chá. E com suas ideias líquidas, tentam fazer diferença, para todos. Mas como convencer quem não vê possibilidade de se curar.
Num mundo normal, poetas são loucos. E com suas mentes poluídas, declamam versos, para todos. Mas como convencer quem não ouve além do que consegue gritar.
Num mundo caótico, poetas são Dom Quixotes. E com suas lanças entintadas, escrevem tudo, para todos. Mas como convencer quem lê e não enxerga nada lá.
Joakim Antonio
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