segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Tortuoso - Palavra expressa


Tento permanecer calmo, como poderia um trem, parando em toda estação, mas sem abrir pra ninguém. Permaneço seguindo nos trilhos, mas às vezes me descontrolo e me torno verdadeiro paradoxo, descarrilhando no meio do caminho e mesmo assim seguindo, parando por instinto onde o coração levar.

Muitas vezes, a vida me chacoalha tão violentamente que me vejo avião na tempestade. Mas, no íntimo, sinto como desafio, pois sem poder desviar resta apenas uma opção, voar ao centro, fazer parte e meditar, na calmaria existente no olho furacão.

Outras vezes, sou apenas um maratonista, quase sem fôlego, no corredor da vida. Mas a dor nos músculos não é motivo para desespero, ela mostra que ainda estou vivo e cada pulsação passa a ser alento, pois cada passo a mais é uma vitória.

Então, nesse momentos, inspiro fundo e corro, como nunca, para estar em todos lugares que preciso. Dentro desse único respiro, entro e saio da lama, mergulho e saio do outro lado do mar, pulo pelo abismo, desfazendo os velhos contratos e mitos, libertando-me da forma certa de amar.

Buscando a escrita perfeita, ouço que Deus deve ser espelho, mas pouco importa, pois cabe a Ele escrever certo por linhas tortas. Eu sou, não quero ser, sou inegavelmente imperfeito e nunca me endireito, talvez por isso aceitei e me redescobri, quando me chamaram de poeta.

Sempre escrevi torto, em linhas retas.

Joakim Antonio


Publicado originalmente no site, Retratos da alma.

Imagem: Lines and Curves
Photographer: Alex Teselski "Aquapell"
Lens: Sigma 150 macro on a blade of grass

2 comentários:

"Quando escrevo minhas idéias tornam-se a pena e minha alma a tinta, por isso quando você lê, você me sente."

Deixe-me saber o que você sente.

Obrigado por comentar!

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