quarta-feira, 5 de outubro de 2016
Oráculo
Era noturna. Cigana perene e senhora das estrelas. Seu corpo era feito de segredos. Sibila andando sobre ondas de energia, nada previsíveis, para nós, mas perfeitamente legíveis ao seu olhar.
Perguntei a Juan, quem era essa dama que me atraía, sem ao menos me olhar. Ao passo que me respondeu:
Se eu soubesse nomeá-la, teria o nome de algum universo esquecido no tempo, de uma era onde a magia fazia parte da vida de todos, onde cada ser era nosso animal de poder, nos trazendo histórias que ainda seriam, direto do sonhar. Dizem que ela se revelou a outra cigana, no intento de poder, através da mão da vida, nos ajudar. Se eu pudesse nomeá-la com um nome conhecido, diria Diana, prateando horizontes, transformando as marés que correm nas linhas de nosso sangue. Trazendo notícia dos quatro ventos, em forma de guardiões da noite e nos brindando com sabedoria, equilíbrio, olhar e transformação.
Então ela chama Diana?
Ah menino, tens certeza que és Cigano, ou tem medo de encará-la?
Levantei a cabeça e ao olhá-la, me vi e antes que falasse algo, ela sussurrou um nome em meu ouvido. O nome me relembrou algo antigo, com cheiro de infância e, ao mesmo tempo, com gosto de futuro certo. Olhei para Juan, que acenou com a cabeça, só que não era para mim e ao olhar novamente para frente, vi apenas a lua e as estrelas, a me fitar.
Juan ria, dançando e comemorando o acontecimento.
Afinal, tu és mesmo um Cigano! E agora, sabes mais um dos nomes dela, um presente, somente teu...
Joakim Antonio
Imagem: Carta do Oráculo das Ciganas, composto por 13 cartas. Criação de Karla Souza, professora e pesquisadora do baralho Petit Lenormand
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