segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Enxurradas
Não respiro apenas ar
respiro todos viventes
não sigo somente um rio
nado por todas correntes
Não piso mais terra pura
pois está imaculada
com o sangue dos irmãos
levados pela enxurrada
De descasos comandados
de vistas grossas do estado
de dinheiro desviado
de conselhos descartados
Enxurrada de dejetos
deixadas pelos governos
tempestades de projetos
só com fins eleitoreiros
Enchentes de criminosos
com o colarinho branco
enterraram irmãos nossos
com terra de mil barrancos
Será que cai uma lágrima
quando olham pra tevê
e ouvem num choro mudo
o culpado foi você
Na tempestade de lágrimas
na enxurrada de vítimas
alguém sabe quantas almas
custa uma grande notícia?
Joakim Antonio
Desastres naturais acontecem, a grande tristeza é ter certeza que o descaso matou muito mais pessoas.
"Enchentes ocorrem sempre nos mesmo lugares, portanto, não são surpresas. O problema é que, se nada é feito, elas aparentemente só ficam mais violentas. A segunda grande vantagem de um país que apenas enfrenta enchentes é que a tecnologia para lidar com isso e para preparar áreas é barata e está disponível. O Brasil praticamente só tem um problema natural e não consegue lidar com ele. Imagine se tivesse terremoto, vulcão, furacões... " - Debarati Guha-Sapir (consultora externa da ONU e diretora do Centro para a Pesquisa da Epidemiologia de Desastres)
Fonte: O Estado de S.Paulo
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Enxurrada de braços cruzados e olhos que só enxergam o próprio umbigo.
ResponderExcluirSomos carentes de gente competente e que queira fazer e não aparecer.
beijo mo benhe
"É verdade, vivo em tempo de trevas!
ResponderExcluirÉ insensata toda a palavra ingénua. Uma testa lisa
Revela insensibilidade. Os que riem
Riem porque ainda não receberam
A terrível notícia.
Que tempos são estes, em que
Uma conversa sobre árvores é quase um crime
Porque traz em si um silêncio sobre tanta monstruosidade?
Aquele ali, tranquilo a atravessar a rua,
Não estará já disponível para os amigos
Em apuros?
É verdade: ainda ganho o meu sustento.
Mas acreditem: é puro acaso. Nada
Do que eu faço me dá o direito de comer bem.
Por acaso fui poupado (Quando a sorte me faltar, estou perdido)
(...)
m-me: Come e bebe! Agradece por teres o que tens!
Mas como posso eu comer e beber quando roubo ao faminto o que como e
O meu copo de água falta a quem morre de sede? E apesar disso eu como e bebo.
(...)
Vós, que surgireis do dilúvio
Em que nós nos afundámos
Quando falardes das nossas fraquezas
Lembrai-vos
Também do tempo de trevas
A que escapastes (...)."
(Bertolt Brecht)
Querido amigo, foi impossível não me lembrar desse texto de Brecht ao ler sua postagem...
O descaso é coisa de quem não enxerga o outro como seu semelhante... porque em sua arrogância e prepotência, ele se vê muito acima de todos... e acima do bem e do mal...
Maravilhoso, como sempre!!
Beijos!!
Lindo post abordando uma tragédia anunciada!
ResponderExcluirParabéns, meu amigo!
Abraços.
lindo,lindo post...muy bello...!
ResponderExcluirgracias por compartir
un gran abrazo beso
lidia-la escriba
Maravilhoso!!!!
ResponderExcluirVc escreve muito bem!!!
Voltarei sempre aqui!
Bjo!