Abri o livro de anotações – numa vã tentativa – querendo a receita certa para temperar a vida.
Vasculhei palavras passadas e vi centenas de erros gramaticais, percebendo como as correções, no devido tempo, teriam mudado seus sentidos estruturais. Deixei passar as nuances semânticas das palavras suaves, atento apenas aos pesados e ácidos objetos diretos, os mais apontados no calor dos atos.
Notei que sempre havia pedidos de ajuda em signos que queriam denotar força e que, por mais que a gente se iluda, independente do período da oração, o termo sempre muda.
Então, reli e interpretei cada anotação, apenas para corroborar minhas suspeitas da resposta, ali a me encarar, em cada nota: o imperfeito verbo errar, conjugado perfeitamente, no pretérito do sempre eu. Inadvertidamente presente nas receitas, mas acentuadamente errando a mão. Pela enganadora certeza do tempero certo, para todos os tempos e modos de uma relação.
Joakim Antonio
Publicado originalmente no site Retratos da Alma.
Imagem: Spices Galore by somehow-somewhere
Visite e curta: https://www.facebook.com/poetajoakimantonio/
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Quando escrevo minhas idéias tornam-se a pena e minha alma a tinta, por isso quando você lê, você me sente."
Deixe-me saber o que você sente.
Obrigado por comentar!