quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Cultivando



Enquanto outros dormiam, arava a noite. Dispersava o silêncio, assobiando em direção aos moinhos de sonhos. Usava o brilho das ideias como pirilampos e deixava os grilos da mente na serração. A observar, a sábia ave noturna arregalava ainda mais os olhos, diante seu terno olhar, pois não havia mágoas nas marcas que trazia. Preparava tudo e antes do último ato, parava para assistir a pororoca do céu. Abria os braços em oração e respirava fundo, saudava o pai e usava do próprio calor, para compor a paisagem e começar o plantio. Não tinha ferramentas adequadas, então sulcava sem pá a lavra da vida. Depois, com sorriso no rosto, usava as mãos para semear borboletas-do-estômago e começar um novo dia.


+Joakim Antonio


Imagem: Jesus and his seeds by Russianart23

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