O caos é bom
O caos é mau
Cubramos ele com uma pá de cal
Um caso do bem
Um caso do mal
Casemos a Ordem com o Caos
Uma calmaria
Uma discussão
Façamos vista grossa aos cristãos
A mão direita
A mão esquerda
Apaguemos com uma o que a outra escreva
Um leve sussurro
Um gigantesco grito
Finjamos de surdo a olhos vistos
O guia espiritual
O guia de ruas
Ouçamos o poeta e suas loucuras
A casa de cima
A casa de baixo
Fiquemos todos meio estáticos
O poeta da ordem
O poeta do caos
Decidamos qual é quem e quem é qual
Joakim Antonio
"Sou um espírito dialético, eu busco a lógica oculta entre a sensualidade e cristianismo, racionalismo e irracionalismo". - Em entrevista à Revista Veja, em setembro de 1972
Murilo Monteiro Mendes (Juiz de Fora, 13 de maio de 1901 — Lisboa, 13 de agosto de 1975) foi um poeta e prosador brasileiro, expoente do surrealismo brasileiro.
Iniciou-se na literatura escrevendo nas revistas modernistas Terra Roxa, Outras Terras e Antropofagia.
Os seus livros Poemas (1930), História do Brasil (1932) e Bumba-Meu-Poeta, escrito em 1930, mas só publicado em 1959, na edição da obra completa intitulada Poesias (1925–1955), são claramente modernistas, revelando uma visão humorística da realidade brasileira. Tempo e Eternidade (1935) marca a conversão de Murilo Mendes ao catolicismo. Nesse livro, os elementos humorísticos diminuem e os valores visuais do texto são acentuados. Foi escrito em colaboração com o poeta Jorge de Lima.
Nos volumes da fase seguinte, Poesia em Pânico (1938), O Visionário (1941), As Metamorfoses (1944) e Mundo Enigma (1945), o poeta apresenta influência cubista, sobrepondo imagens e fazendo o plástico predominar sobre o discursivo. Poesia Liberdade (1947), como alguns outros livros do poeta, foi escrito sob o impacto da guerra, refletindo a inquietação do autor diante da situação do mundo.
Em 1954, saiu Contemplação de Ouro Preto, em que Murilo Mendes alterou sua linguagem e suas preocupações, reportando-se às velhas cidades mineiras e sua atmosfera. Daí por diante, o poeta lançou-se a novos processos estilísticos, realizando uma poesia de caráter mais rigoroso e despojado, como em Parábola (1946-1952) e Siciliana (1954–1955), publicados em Poesias (1925–1955). As características desse período atingem sua melhor realização no livro Tempo Espanhol (1959).
Em 1970, Murilo Mendes publicou Convergência, um livro de poemas vanguardistas. Murilo Mendes também publicou livros de prosa, como O Discípulo de Emaús (1944), A Idade do Serrote (1968), Livro de memórias e Poliedro (1972). Ao morrer, em Lisboa, deixou inéditas várias obras.
Prêmios recebidos
Prêmio Graça Aranha, pelo livro Poemas.
Prêmio Internacional de Poesia Etna-Taormina, 1972.
Saiba mais:
- Vida e obra em Museu de arte Murilo Mendes
- Poemas em Jornal de Poesia
- Desempacotando a discoteca: Murilo Mendes e a música em Ómnibus, Nº 27, Año V, julio 2009
- Murilo Mendes: os contrários no todo ou a formação da Casa Barroca, por Wesley Thales de Almeida Rocha (UFMG) em Revista Litteris -Número 10 - Ano 4 (PDF)
Imagem 1: Sacred Fire by Fabio Giomi
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