Viu o verso em guerra
sentiu a poesia na carne
fervendo sob a pele
putrificada sobre as ruas
onde até os cães silenciaram
Na complexidade do ser
vivente, preso, exposto
diante o inexplicável
usou escudo simples
feito de letras entrecruzadas
Levantou a cabeça acima
guardando o gosto amargo
pois o frágil nada humano
não precisa de ajuda
para ver e sentir, o que já é
Joakim Antonio
"Em sua essência, a poesia é algo horrível:
nasce de nós uma coisa que não sabíamos que está dentro de nós,
e piscamos os olhos como se atrás de nós tivesse saltado um tigre,
e tivesse parado na luz, batendo a cauda sobre os quadris."
Czesław Miłosz em Ars Poetica
Czesław Miłosz (Kėdainiai, 30 de junho de 1911 — Cracóvia, 14 de agosto de 2004) foi um poeta, romancista e ensaista de língua polonêsa.
Milosz nasceu em família de ascendência polonêsa na Lituânia, quando o país ainda pertencia ao Império Russo. Cresceu em Vilna, onde cumpriu parte dos estudos, outra parte na Polônia. Viveu em Paris (1934 a 19370), período em que absorveu as idéias estéticas e políticas dos círculos de vanguarda. Para ele, escrever sempre foi um ato político. Suas primeiras obras preveem a iminência de um cataclismo internacional e o torna líder da escola catastrofista de poesia polonesa.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Milosz passou à clandestinidade e combateu as forças de ocupação nazistas em Varsóvia: publicou poemas de resistência, como Canção Invencível. Após o conflito, foi adido cultural do novo governo comunista da Polônia, mas, em 1951, desiludido com o regime, desertou para Paris. Em 1953, publicou A Mente Cativa, uma coletânea de ensaios sobre a submissão dos intelectuais poloneses ao comunismo. Em 1960, o poeta emigrou para os Estados Unidos, onde continuou ponderando sobre a fragilidade, crueldade e a corruptibilidade humana.
Em reconhecimento por seu pensamento humanista sobre a liberdade, a consciência e o "poder do totalitarismo sobre corpos e mentes", foi laureado com o Nobel de Literatura de 1980. Wiki
Para saber mais:
- Perfil no site oficial do Nobel de Literatura 1980
- Um poeta da realidade - Czeslaw Milosz em algumapoesia.com.br
- Czesław Miłosz reflete sobre os totalitarismos em Sibila -Poesia e crítica literária
Belo texto, parabéns!
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