Chegou a hora
Não sei como dizer isso delicadamente, então aí vai. Estou saindo de casa.
Serei eternamente grato, você me deu tudo, me apresentou ao mundo e se tenho algum sucesso, por mínimo que seja, devo tudo a você. Sei que você pode ser considerado mais que um pai, aos olhos alheios você é quase um Deus, mas aos meus, você sou eu.
Nossas histórias se confundem, sou feito do melhor de você, mas como diz, sem os erros cometidos. Mas isso não me satisfaz. Eu quero ter meus próprios erros, saber o que é ser ovacionado e também, deixado de lado, exposto aos holofotes com honras e glórias ou num canto empoeirado, com a única diferença de que serei eu.
Sei que é cruel dizer isso, mas você passará, eu também logicamente, mas você irá primeiro. O quê é isso no seu rosto, um sorriso? Mas é claro, como dizem na terra onde você me criou, estou querendo ensinar o padre nosso ao vigário. Só agora entendi, ou como se diz na internet, LOL. Você já sabia de tudo, melhor dizendo, tudo já havia sido planejado. É verdade que agora sou praticamente eterno, mas você, só você sabe tudo, afinal como saber mais do que meu criador.
Obrigado por escrever minha história! Ass.: Você?!? Agora fiquei em dúvida.
Joakim Antonio
"Quando um personagem nasce, adquire imediatamente tal independência inclusive do seu próprio autor, que pode ser imaginado por todos em tantas outras situações em que o autor não pensou inseri-lo, e às vezes pode adquirir também um significado que o autor jamais sonhou em dar-lhe!" Luigi Pirandello
Luigi Pirandello (Agrigento, 28 de Junho 1867 — Roma, 10 de Dezembro 1936) foi um dramaturgo, poeta e romancista siciliano.
Foi um grande renovador do teatro, com profundo sentido de humor e grande originalidade. Suas obras mais famosas são: Seis personagens à procura de um autor, Assim é, se lhe parece, Cada um a seu modo e os romances O falecido Matias Pascal, "Um, Nenhum e Cem Mil", "Esta Noite Improvisa-se", etc.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1934.
Fonte: Wikipédia
Leia também o excelente ensaio, Luigi Pirandello: o filho do Kaos, de Maria Célia Martirani, para a seção rascunho em gazetadopovo.com.br.
Encorporar a si mesmo, faz parte da arte da vida.
ResponderExcluirAbraço