Cora Coralina - Doceira de palavras. Especialidade - Compota de versos.
Senhor, fazei com que eu aceite
minha pobreza tal como sempre foi.
Que não sinta o que não tenho.
Não lamente o que podia ter
e se perdeu por caminhos errados
e nunca mais voltou.
Dai, Senhor, que minha humildade
seja como a chuva desejada
caindo mansa,
longa noite escura
numa terra sedenta
e num telhado velho.
Que eu possa agradecer a Vós,
minha cama estreita,
minhas coisinhas pobres,
minha casa de chão,
pedras e tábuas remontadas.
E ter sempre um feixe de lenha
debaixo do meu fogão de taipa,
e acender, eu mesma,
o fogo alegre da minha casa
na manhã de um novo dia que começa.
(De Meu Livro de Cordel, 1976)
Hoje em dia muitas pessoas bastam a si mesmo, pelo menos elas pensam assim. É preciso cultivar a humildade, abrir os olhos para o novo e o antigo, para o poeta dentro do seu convívio, seja avô, pai, filho, amigo ou desconhecido.
Conviver com pessoas melhores que nós, tornará mais firme nosso compromisso de melhorar. Quantas pessoas não dão bola para os versos de uma doceira, mas não notam que ninguém traz nas mãos palavras tão doces como as dela. Quando passamos a prestar atenção no outro, ele nos surpreende.
Hoje é o dia 40 e a sexta semana de uma jornada, o assunto de hoje é humildade no compromisso, apreciação.
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