Muitas vezes invejava
Quem apenas era
Sem olhar
Bastidor do sorriso
Tom de voz
Gesto secular
Tinham olhos tranquilos
Obedeciam às leis
Sabiam ficar
Recolhidos no toque
Se sentindo seguros
No lar-doce-lar
Quem dera pudesse
Obter o saber
Sem queimar
Não veria tristeza
E sempre estaria
Em paz
Joakim Antonio
O sonho de liberdade tornou-se a cadeia
que me liga já para sempre ao meu canto doloroso.
Compadeci-me dos homens, da fria tristeza
do estranho tempo dos homens enterrados na morte,
e lhes trazia cristal e ardor de palavras,
luminoso nome que dizem os velhos lábios do fogo.
Águia, vinda do nascimento da luz,
de onde vês como é concebida a brancura da neve,
busca, para a luz, a mais secreta vida:
pelo sol, palpitante, toda a nua vida.
Abrirás com o bico eternamente caminhos
ao sangue que ofereço como a prova deste dom.
Prometeu, tradução de Ronald Polito.
2002: Quatorze, de Salvador Espriu.
Curitiba: Travessa dos Editores.
Salvador Espriu i Castelló (10 de julho de 1913 - 22 de fevereiro de 1985) é um poeta, dramaturgo e romancista catalão.
O crítico espanhol Josep Maria Castellet destaca a capacidade de Espriu para assimilar a herança mítica da humanidade, integrando num mesmo universo literário o Livro dos Mortos do Antigo Egipto, a Bíblia, a mística judaica e a Mitologia Grega.
Foi um dos grandes renovadores da prosa catalã em conjunto com Josep Pla e Josep Maria de Sagarra. Da sua extensa obra a mais bem conhecida é A pele do touro (título original: La pell de brau) em que desenvolve a sua visão da problemática histórica, social e cultural de Espanha.
A sua poesia do pós-guerra é marcadamente hermética e simbólica, assinalando uma profunda tristeza pelo mundo que o rodeia e pela recordação dos horrores da guerra. WIKI
Para saber mais:
- Biografia de Salvador Espriu na Wikipédia
- Três poesias de Salvador Espriu em Poetanarquista
- Presença(s)de Salvador Espriu no sistema cultural galeguista (2003) - Maria Felisa Rodriguez Prado - Grupo GALABRA - Universidade de Santiago de Compostela em PDF
Imagem: Prometheus by Misojace (Statue of Prometheus at the Altes national Gallery in Berlin.)
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