Às vezes precisamos apenas observar.
Quando era criança minha professora contou a história do menino que amava borboletas. Ele as adorava tanto que arrumava brigas por causa delas, protegendo-as dos outros meninos que queriam arrancar-lhes as asas.
Um dia o menino encontrou, no quintal de casa, o que ele chamou de casa das borboletas. Lá ele viu vários casulos enfileirados e seus olhos brilharam de alegria, ele iria presenciar o nascimento de suas amigas. Daquele momento em diante voltava várias vezes ao dia, não querendo perder aquele glorioso momento. Após duas semanas, num domingo à tarde, aconteceu. Ele viu um casulo mexendo-se, a luta da borboleta para sair vagarosamente dele e a demora, para ele, dela abrir suas asas. Pensara que seria mais rápido, mas não importava, finalmente vivera seu momento mais precioso, o nascimento de uma de suas amigas que coloriam seu quintal. Mas havia mais, e ele as amava tanto que teve uma ótima ideia, vou ajudar a próxima.
Então com todo carinho e cuidado do mundo, foi abrindo uma das pupas que estava mexendo-se e ajudando-a sair daquela prisão o quanto antes. Ele estava feliz ao ajudar, mas algo estranho aconteceu, ela não abriu as asas como a primeira, estava todo encolhida, asas amarrotadas. Foi correndo chamar sua mãe e tentar ajudar sua amiguinha, mas nada podia ser feito. A face do menino agora era uma cachoeira de lágrimas.
Sua mãe sentou-se com ele e explicou que o esforço, que a borboleta faz para sair do casulo, é para o seu bem. Ela precisa fazer força para que o sangue vá aos poucos preenchendo suas asas e, aos poucos, dando movimento a elas. Também explicou como ele era uma borboleta em casulo, assim como todas as crianças e como os pais muitas vezes fazem o mesmo que ele fez, errando porque amam demais, mas aprendendo com o tempo e como ele só a entenderá no futuro, assim como ela entendeu sua mãe apenas agora.
Mais calmo ele pediu para voltar ao ninho das borboletas, aonde agora, iria apenas observar a sabedoria da natureza.
Joakim Antonio
Muitas vezes fazemos como o menino do texto, reagimos sem saber o que está acontecendo, nossa compaixão é tão grande que podemos estar fazendo algo ruim sem percebermos, não só quanto aos outros, mas a nós também. E há também às vezes em que reagimos com raiva diante de atitudes de quem nos ama, sem perceber que eles estão reagindo ao que nós estamos passando. Pode acontecer com um estranho também, quem já não presenciou ou passou por um momento, em que alguém vai falar com uma pessoa e ela grita, "Me deixe em paz, não está vendo que quero ficar sozinho!", pois é o outro não estava vendo, queria sim, ajudar de alguma forma.
Eu já passei por isso várias vezes, porque não sabia distinguir quando devia observar e quando devia falar. Aliás, até hoje ainda passo, ainda estou aprendendo a observar mais do que agir logo, nesses casos eu quero ver a pessoa parar de sofrer o quanto antes. Um dia a gente aprende que a natureza tem seu curso certo, então passamos a observar tudo com olhos totalmente diferentes.
Hoje é o dia 16 e a terceira semana de uma jornada , o assunto de hoje é disciplina na compaixão, restrição.
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