segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Conversa estreita - Descortinando Cecília Meireles (poeta)



Ela não soube, ou até soube e eu que não sei, as conversas estreitas que poderíamos ter.

Iríamos jogar conversas fora e depois recolhê-las do ar, condensá-las em textos maravilhosos de aprendizados raros, e mesmo tentado a escrever diálogos, eu apenas narraria a beleza de beber dessa poesia que flui desse mar chamado Cecília.

Talvez discutiríamos sobre espaço-tempo, de como disputas tolas são vencidas por ele e as palavras certas passam através, então falaríamos um pouco de solidão, da autoimposta e da não esperada, do esquecimento pela ausência e de como a encontro bem menos do que ela merece.

Por fim, pediria conselhos de escrita da educadora, dicas de mãe da escritora e mostraria, com intenção de receber mais críticas que elogios, textos recheados de sonhos e destinados às novas e velhas crianças.

Agora fecho o livro e penso, com certeza ela soube.



Joakim Antonio


Motivo (Cecília Meireles)

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada



Cecília Benevides de Carvalho Meireles (Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964) foi uma poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. É considerada uma das vozes líricas mais importantes das literaturas de língua portuguesa.

Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:

"Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea."

© Projeto Releituras Visite e conheça mais de Cecília Meireles. 

4 comentários:

  1. Ah... Cecília Meireles!!!
    Como é gostoso começar a semana lendo Cecília.
    Sim, quando fecho o livro, também tenho a certeza de que ela soube ser mulher, educadora, escritora de palavras sentimentalóides que encontram versos entre ventos e mares.

    Ela, 'meio isto e aquilo', cheia de 'fases como a lua' soubre transmitir verdades inteiras e sentimentos pulsantes em palavras eternas.

    Lindo e lindo.

    Uma doce e bela mistura!!!

    Beijos e linda semana, querido poet'amigo!!

    ResponderExcluir
  2. Joakim,
    Que homenagem bonita à Cecília. Tanto pelo que você escreveu quanto pela escolha da foto e do poema, que descreve bem o ofício de um poeta.
    Cecília merece todas as homenagens.
    bjs

    ResponderExcluir
  3. Que delícia imaginar ocmo seria esse encontro entre você e Cecília, querido... Um grande presente em forma de leitura!

    Sua homenagem a essa grande escritora foi suave e repleta de emoção... Amei mesmo!!

    Aliás, vindo de você, não poderia ser diferente...

    Beijos, com carinho!

    ResponderExcluir

"Quando escrevo minhas idéias tornam-se a pena e minha alma a tinta, por isso quando você lê, você me sente."

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