Ela não soube, ou até soube e eu que não sei, as conversas estreitas que poderíamos ter.
Iríamos jogar conversas fora e depois recolhê-las do ar, condensá-las em textos maravilhosos de aprendizados raros, e mesmo tentado a escrever diálogos, eu apenas narraria a beleza de beber dessa poesia que flui desse mar chamado Cecília.
Talvez discutiríamos sobre espaço-tempo, de como disputas tolas são vencidas por ele e as palavras certas passam através, então falaríamos um pouco de solidão, da autoimposta e da não esperada, do esquecimento pela ausência e de como a encontro bem menos do que ela merece.
Por fim, pediria conselhos de escrita da educadora, dicas de mãe da escritora e mostraria, com intenção de receber mais críticas que elogios, textos recheados de sonhos e destinados às novas e velhas crianças.
Agora fecho o livro e penso, com certeza ela soube.
Joakim Antonio
Motivo (Cecília Meireles)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E sei que um dia estarei mudo:
- mais nada
Sua poesia, traduzida para o espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Letícia Figueiredo, Ênio Freitas, Camargo Guarnieri, Francisco Mingnone, Lamartine Babo, Bacharat, Norman Frazer, Ernest Widma e Fagner, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai:
"Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea."
© Projeto Releituras Visite e conheça mais de Cecília Meireles.
Ah... Cecília Meireles!!!
ResponderExcluirComo é gostoso começar a semana lendo Cecília.
Sim, quando fecho o livro, também tenho a certeza de que ela soube ser mulher, educadora, escritora de palavras sentimentalóides que encontram versos entre ventos e mares.
Ela, 'meio isto e aquilo', cheia de 'fases como a lua' soubre transmitir verdades inteiras e sentimentos pulsantes em palavras eternas.
Lindo e lindo.
Uma doce e bela mistura!!!
Beijos e linda semana, querido poet'amigo!!
Só registramos a palavra por saber.
ResponderExcluirJoakim,
ResponderExcluirQue homenagem bonita à Cecília. Tanto pelo que você escreveu quanto pela escolha da foto e do poema, que descreve bem o ofício de um poeta.
Cecília merece todas as homenagens.
bjs
Que delícia imaginar ocmo seria esse encontro entre você e Cecília, querido... Um grande presente em forma de leitura!
ResponderExcluirSua homenagem a essa grande escritora foi suave e repleta de emoção... Amei mesmo!!
Aliás, vindo de você, não poderia ser diferente...
Beijos, com carinho!