Não há fio de Ariadne
nem mesmo caminho
mas há saudade
Não há escassez
de sentimentos
mas há dor
Não há doce partida
tampouco despedida
mas há lágrimas
Não há salvamento
passagem oculta
mas há poesia
Joakim Antonio
"Uns dizem que os meus versos são tristes,/ outros que são abstractos./ Mas eu não tenho culpa que a carne da inteligência/ seja triste, e inteligente."
Adolfo Casais Monteiro, O Estrangeiro Definitivo
Poeta
Poeta: uma criança em frente do papel.
Poema: os jogos inocentes,
Invenções do menino aborrecido e só.
A pena joga com palavras ocas,
Atira-as ao ar a ver se ganha ao jogo.
Os dados caem: são o poema. Ganhou.
Adolfo Casais Monteiro
Confusão
Edições Presença, 1929.
Adolfo Casais Monteiro (Porto, 4 de julho de 1908 - São Paulo, 24 de julho de 1972), poeta e ensaísta, foi um dos intelectuais portugueses que a ditadura salazarista levou a se exilarem no Brasil. Fez parte do que veio a se chamar “a missão portuguesa”, sendo aqui “recebido e assimilado, pelos colegas brasileiros, como um interlocutor autorizado e indispensável na cena literária nacional”.¹
Conhecido dos brasileiros em especial por seus ensaios dedicados a Fernando Pessoa e por sua extensa colaboração com o Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo, o português Adolfo Casais Monteiro deixou larga obra crítica e ensaística.
Cinema, teatro, literatura e sociologia são alguns dos temas que ele abordou em seus artigos, cartas, palestras e intervenções em eventos culturais em Portugal e no Brasil, onde ele se estabeleceu em 1954, quando já era reconhecido em seu país natal, inclusive como editor.²
1- “A crítica viva de Casais Monteiro”, de Leyla Perrone-Moisés, in A missão portuguesa, de Fernando Lemos e Rui Moreira Leite, org. S. Paulo: Ed. Unesp; Bauru (SP): Ed. Unesc, 2003, p. 52-60
2- Casais Monteiro, Uma antologia. Leite, Rui Moreira (Organizador): Ed. Unesp, 2012, Sinopse
Para saber mais:
- Tábua Biográfica em Instituto de Estudos da Linguagem - IEL - Unicamp
- Adolfo Casais Monteiro: o estrangeiro definitivo por Maria João Cantinho em Revista Agulha
- Carta a Adolfo Casais Monteiro em Poesias coligidas de Fernando Pessoa - Nesta carta que Fernando pessoa escreve a Adolfo Casais Monteiro, o poeta também responde três perguntas, (1) sobre plano futuro da publicação de suas obras, (2) o porquê da existência dos seus heterónimos, e (3) sobre ocultismo.
Imagem: No way home by Arbebuk
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Quando escrevo minhas idéias tornam-se a pena e minha alma a tinta, por isso quando você lê, você me sente."
Deixe-me saber o que você sente.
Obrigado por comentar!