A poesia me revela
justamente na falta
juntamente na falha
de grandes poetas
com bocas abertas
e palavras fechadas
em volta apenas deles
envoltos em cacoetes
falando apenas de si
não escrevendo
o simples
pois entraram
in complexus
menos povo
mais incesto
entre intelectuais
cheios de
mimimis
A poesia me encara
divinamente envidraçada
devidamente carregada
irradiando como o Sol
elétrons e prótons
para terra sem lei
na rede de nós
entre_lançados
diariamente
graças
a Deus e a Teus
divinos dons ocultos
em bites e bytes
perguntando onde andam
os bardos geeks
pois só vê o óbvio
de antiquíssimos versos
dos papiros do Egito
A poesia me acusa
constantemente de acídia
constatadamente verdadeira
por deixar de chocar
parindo apenas posts
com muito, amor, paz e doce
não mudando uma vírgula sequer
desse mundo iPadrão
onde Maiakovski
já saberia mil anos antes
que a revolução
não será televisionada
porque há tempos
já está sendo
devidamente twitada
com requintes de crueldade
por publicar sem pena
mais do mesmo
Joakim Antonio
"Traduzir poemas é tarefa difícil, especialmente os meus.
........................................
Uma outra razão da dificuldade da tradução de meus versos vem de que introduzo nos versos a linguagem quotidiana, falada...
Tais versos só são compreensíveis e só têm graça se se sente o sistema geral da língua, e são quase intraduzíveis, como jogos de palavras." Vladimir Maiakóvski
Vladimir Maiakóvski é o maior poeta russo moderno, aquele que mais completamente expressou, nas décadas em torno da Revolução de Outubro, os novos e contraditórios conteúdos do tempo e as novas formas que estes demandavam.
Maiakóvski deixa descortinar em sua poesia um roteiro coerente, dos primeiros poemas, nitidamente de pesquisa, aos últimos, de largo hausto, mas sempre marcados pela invenção. "Sem forma revolucionária não há arte revolucionária", era o seu lema, e nesse sentido Maiakóvski é um dos raros poetas que conseguiram realizar poesia participante sem abdicar do espírito criativo.
(comentário de Haroldo de Campos publicado no livro "Maiakóvski - Poemas" Editora Perspectiva - 1982)
Vladimir Vladimirovitch Mayakovsky (19 de julho de 1893 – Moscou, 14 de abril de 1930) foi um poeta, dramaturgo e teórico russo, frequentemente citado como um dos maiores poetas do século XX, ao lado de Ezra Pound e T.S. Eliot, bem como "o maior poeta do futurismo".
Obra
Sua obra, profundamente revolucionária na forma e nas idéias que defendeu, apresenta-se coerente, original, veemente, una. A linguagem que emprega é a do dia a dia, sem nenhuma consideração pela divisão em temas e vocábulos “poéticos” e “não-poéticos”, a par de uma constante elaboração, que vai desde a invenção vocabular até o inusitado arrojo das rimas.
Fazendo parte do grupo "Hylaea", que daria origem ao chamado cubo-futurismo, seu primeiro livro de poemas, no entanto, seria de estética influenciada pelo simbolismo, e nunca chegaria a público, tendo sido escrito quando o poeta estava na prisão e apreendido pela polícia no momento da sua libertação.
Aproximando-se de David Burliuk na década de 1910, passa a escrever em um estilo aproximado do Cubismo e do Futurismo, influenciado pelo primitivismo eslavista e pela linguagem transracional de Velimir Khlebnikov e outros, repleto de imagística urbana e surpreendente, com um certo ar impressionista e, ainda, simbolista. Esta fase de sua poesia é a mais apreciada por poetas como Boris Pasternak, em função de ainda manter alguns recursos simbolistas e métrica rigorosa em alguns poemas.
Em seguida, já na década de 1920, sua poesia, apesar de haver uma continuidade no que diz respeiro à inovação rítmica, à rimas inusitadas, ao uso da fala cotidiana e mesmo de imagens inusitadas, assume um tom direto.
Ao mesmo tempo, o gosto pelo desmesurado, o hiperbólico, alia-se em sua poesia desta época à dimensão crítico-satírica. Criou longos poemas e quadras e dísticos que se gravam na memória. Traduções sem preocupação com a forma dos poemas produzidos nesta época têm dado ao público uma imagem errônea do poeta, fazendo-o parecer um "gritador". Na realidade, era um poeta rigoroso, que chegava a reescrever sessenta vezes o mesmo verso e recolhia muito material informativo e linguístico para posterior uso nos seus poemas.
Criou também ensaios sobre a arte poética e artigos curtos de jornal; peças de forte sentido social e rápidas cenas sobre assuntos do dia; roteiros de cinema arrojados e fantasiosos e breves filmes de propaganda.
Tem exercido influência profunda em todo o desenvolvimento da poesia russa moderna, bem como sobre outros poetas e movimentos no mundo inteiro.
Fontes: Wikipédia, O Poema
Imagem 1: Art is Resistance by Drift2012
Para saber mais:
- Visite o excelente site Culturapara.art.br para ler, as também excelentes, traduções de alguns poemas de Vladimir Maiakóvski.
- Poemas de Vladimir Maiakóvski e uma palestra de 2012, sobre o poeta russo, por Claudio Daniel, curador de Literatura e Poesia do CCSP em A Magia da Poesia - poesias sem erros ou falsa autoria
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