sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Minha casa



Hoje acordei estranho, algo estava diferente,
não sabia o quê, mas era lá fora.
Sai e percebi, o ar não era o mesmo,
não, não era poluição, tudo vibrava diferente.
Colhi uma rosa com uma nova cor,
seu cheiro e tom, evocavam melancolia.
Me senti desnorteado, como se acordasse
em uma casa que não era a minha.
As pessoas falavam línguas estanhas,
carregadas de raiva, até as crianças
haviam mudado.
Em vez de brincarem livres e soltas, no chão,
viviam presas em muros e grades, nos ares.
Então me perguntei, quando?
Parei e pensei, como isso aconteceu?
Observei pessoas, caminhando sonâmbulas,
zumbis indo para o trabalho.
Alguns iam tão tristes, que pareciam escravos.
Vi meninas, que deveriam estar brincando,
vestidas e fazendo coisas de adulto.
Gotas de chuva caíam, salgadas e mornas,
formando poças que, não me pergunte como,
sabia que eram para nós.
Então, parei por um segundo,
e em choque, deixei a rosa cair,
pois naquele instante descobri,
que o mundo está de luto.


Joakim Antonio


Fotos: Marcos William

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