terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Sinal vermelho




Aí Tia, me estende a mão
Eu tô carente de poesia

Queria um beijo da mãe
Um afago do pai
Aquele carinho dos avós
Mas não os vejo mais

Primeiro sumiram da vista
Com o tempo, da lembrança
Sobrou apenas saudade
Do meu tempo de criança

Não se engane Tia
Pra vida, eu já cresci

Por falar nisso
Também queria muito
Como é que diz o Chaves?
Um sanduíche de presunto

Não ri não, é sério, Tia
Eu tenho essa dor esquisita
Nem sei porque dói
Se não tem nada na barriga

Aí Tia, abaixa o vidro
Conversa aqui comigo

Hoje eu não quero bala
Nem dada, nem perdida
Também cansei de bolacha
Na caixa, na cara

Hoje eu queria mais
Sabe porquê?
Um cara dum carro gritou
O problema daqui é você

Fiquei pensando, será Tia
Que eu estraguei o mundo?

Por isso minha mãe me deu
E o meu pai sumiu?
Por isso batiam em mim
Lá na casa que fugi?

Será que se desaparecer
O mundo melhora?
Será que se eu morrer
Viro anjo na hora?

Tive uma ideia Tia
Me ajuda a saber

Abre essa porta
E me leva contigo
Trata como um filho
Depois traz de volta

E vou olhar para cá
Pra ver se os amigos
Também viram problema
Do outro lado do vidro

E aí Tia, já vai?
Ah, tá verde, pra você


Joakim Antonio



Imagem: Don't stop me now por Adriana Cecchi









2 comentários:

  1. O mundo e o inevitável desabrido da existência.
    Emocionei!
    Bjos

    ResponderExcluir
  2. Isso sim foi um vôo pelo tempo, acima. Sei lá, foi como abrir a mão e soprar o imaginário.
    bacio

    ResponderExcluir

"Quando escrevo minhas idéias tornam-se a pena e minha alma a tinta, por isso quando você lê, você me sente."

Deixe-me saber o que você sente.

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